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Caitlin Johnstone: jamais se trata do presidente, trata-se do império dos EUA

"O presidente é apenas a face da operação, o nome que eles colocam na porta que eles mudam a cada tantos anos", afirma Caitlin Johnstone

Joe Biden (Foto: Reuters)
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Por Caitlin Johnstone, originalmente publicado no website da autora. Traduzido e adaptado por Rubens Turkienicz com exclusividade para o Brasil 247

Nós falamos o tempo todo sobre os presidentes dos EUA – Obama fez isso, Trump fez aquilo, bla-bla-bla. Mas, na verdade, jamais é o presidente que está fazendo estas coisas, é o império. O presidente é apenas a face da operação, o nome que eles colocam na porta que eles mudam a cada tantos anos, para criar a ilusão que o governo dos EUA é responsivo à vontade do eleitorado.

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Na verdade, se você verificar exclusivamente as informações cruas da estrutura de poder dos EUA em todo o mundo (para onde estão indo as armas, para onde estão indo os recursos, para onde o dinheiro está ou não está indo, para onde os diplomatas estão e não estão indo, etc.), você pode não conseguirá distinguir, ano após ano, quando a Casa Branca está mudando de mãos. Você não conseguirá dizer, a partir destas informações cruas, qual é o partido político ao qual o atual presidente pertence, ou em que plataforma ele fez campanha eleitoral, e não conseguirá dizer quando ele será substituído por alguém do outro partido e com uma outra plataforma. As informações cruas do império seguem se movendo, basicamente da mesma maneira, sem qualquer interrupção significativa.

Portanto, não é efetivamente verdade se dizer que “Obama fez isto” ou “Trump fez aquilo”; na verdade eles são apenas a face que calhou de estar na operação quando havia chegado o momento de matar Gaddafi ou para começar a Virada para a Ásia, ou para aplicar sanções à Venezuela, ou para começar a armar a Ucrânia, ou seja lá o que for. Eles não são líderes que conduzem o governo dos EUA em várias direções, baseados naquilo que eles pensam ser as melhores políticas; eles são os gerentes do império, respondendo a sejam lá quais forem as necessidades do império a cada dia – usando sejam lá quais forem as justificativas ou o poder partidário que eles consigam reunir naquele momento.

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E os estadunidenses não conseguem votar em qualquer uma destas coisas. Eles não conseguem votar naquilo que deverá ser feito para facilitar as necessidades de um império que se espalha pelo globo, ou se sequer deve haver um império que se espalhe pelo mundo. O comportamento do império jamais está na cédula eleitoral. As únicas coisas que sempre estão na cédula são questões que não têm qualquer possibilidade de interferir alguma vez na operação do império – como, por exemplo, se o presidente nomeará juizes da Suprema Corte que se oponham ao aborto ou apoiem o controle das armas. E a população votante é continuamente mantida numa divisão de 50/50 em tantas daquelas questões que sejam possíveis para manter os dois lados puxando a corda com toda a sua força, de modo que eles não olhem para cima e notem que o comportamento real em larga escala do seu governo é totalmente não-afetado pelos pequenos ganhos e perdas que vão para lá e para cá no jogo de cabo-de-guerra.

Efetivamente, a única razão para se falar sobre presidentes dos EUA em termos de “Obama fez isso” e “Trump fez aquilo” é para salientar este ponto. Para salientar o fato que Obama continuou e expandiu todas as políticas mais malignas do seu antecessor e que Trump continuou ou expandiu todas as políticas mais malignas do seu. Para perturbar todas as estúpidas narrativas partidárias sobre as coisas melhorando sob Biden, ou piorando sob Trump, ou que Obama foi um progressista ou que Trump era um pacificador.

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Ao indicar todas as coisas horríveis que ocorreram sob cada governo, independentemente das suas filiações ou plataformas partidárias, a ilusão de que os estadunidenses controlam o comportamento do seu governo ao usar os seus votos se desfaz. Neste sentido, você pode usar a ilusão de lutar contra a ilusão – usar o intenso interesse do povo nos presidentes e na política eleitoral para atraí-los para a noção de que tudo se trata de uma encenação planejada para manter os olhos das massas longe das maquinações internas da sua máquina.

E, depois disso, se abre a possibilidade de se ter alguma mudança real. Quanto mais tempo os estadunidenses estejam convencidos que podem votar para resolver os problemas nos quais eles se meteram, para começar, tanto mais eles podem ser dissuadidos de usar o poder dos seus números para forçar mudanças materiais reais através de meios materiais reais.

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