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Camundonga que esteve no espaço dá à luz filhotes saudáveis e China celebra marco científico

A China anunciou um avanço significativo na pesquisa biológica espacial

Este marco estabelece uma base sólida para futuros experimentos de ciência espacial com mamíferos em maior escala (Foto: China Central Television (CCTV))

247 - A China anunciou um avanço significativo na pesquisa biológica espacial: uma das quatro camundongas enviadas à estação espacial chinesa conseguiu dar à luz filhotes saudáveis após retornar à Terra. A informação foi divulgada pelo Centro de Tecnologia e Engenharia para Utilização do Espaço (CSU), da Academia Chinesa de Ciências (CAS).

Os roedores fizeram parte da missão da nave tripulada Shenzhou-21, lançada em 31 de outubro. Eles permaneceram em um habitat especialmente projetado no módulo orbital até a volta à Terra, em 14 de novembro. Pouco depois do retorno, uma das fêmeas acasalou com um macho e engravidou, dando à luz nove filhotes em 10 de dezembro — seis deles sobreviveram, taxa considerada normal pelos pesquisadores.

Segundo os cientistas chineses, o comportamento da mãe e a saúde dos recém-nascidos indicam que a exposição prévia ao ambiente espacial não comprometeu sua capacidade reprodutiva. “Todos os filhotes parecem normais, portanto as evidências preliminares sugerem que o ambiente espacial pode ter um impacto muito limitado na fertilidade dos camundongos. Isso estabelece uma base importante para permitir que camundongos acasalem no espaço no futuro, bem como engravidem, deem à luz e produzam descendentes lá”, afirmou Wang Hongmei, vice-diretora do Instituto de Zoologia da CAS.

Durante a estadia em órbita, um sistema de monitoramento com inteligência artificial acompanhou em tempo real o comportamento dos animais, coletando dados sobre movimentação, alimentação e padrões de sono. O CSU destacou que esse acompanhamento contínuo foi essencial para validar a segurança do experimento e orientar decisões da equipe no solo.

A missão marca a primeira vez que a China realiza um ciclo experimental completo com mamíferos envolvendo preparação pré-lançamento, operação em órbita e recuperação das amostras. O CSU classificou o feito como um passo decisivo para pesquisas biológicas mais complexas que, no futuro, podem incluir estudos multigeracionais no espaço.

Outro ponto que chamou a atenção dos especialistas foi o comportamento materno diferenciado da camundonga que esteve em órbita. De acordo com o monitoramento, ela demonstrou um padrão de cuidado mais cauteloso: buscou um local fechado e protegido para parir e chegou a bloquear a entrada com algodão, comportamento visto como uma estratégia de segurança. Já a camundonga do grupo de controle, mantida na Terra, mostrou-se mais despreocupada, parindo em um ninho aberto.

Nas próximas fases do estudo, os pesquisadores acompanharão o desenvolvimento dos filhotes, observando crescimento e eventuais alterações fisiológicas. O objetivo é também verificar se esses animais serão capazes de se reproduzir normalmente, o que ajudará a entender possíveis efeitos de longo prazo — e até multigeracionais — da exposição ao ambiente espacial.