Chefe das Farc inicia processo de paz “sem rancores”

Por Luis Jaime Acosta

BOGOTÁ (Reuters) - O comandante máximo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) disse que a guerrilha inicia um diálogo de paz com o governo colombiano sem rancores nem arrogância, em uma atitude que poderá facilitar a negociação para pôr fim ao conflito interno de quase 50 anos.

A guerrilha mais antiga do Hemisfério em atividade foi acusada no passado de manter uma posição inflexível durante os processos de paz e os analistas creem que isso fez fracassar os esforços anteriores.

"Chegamos à mesa de diálogo sem rancores nem arrogância", disse Rodrigo Londoño, conhecido como Timoleón Jiménez, o "Timochenko", em um vídeo publicado na segunda-feira no site here utilizado pelo grupo rebelde esquerdista para difundir suas mensagens.

Esse é o primeiro pronunciamento da guerrilha, uma semana depois de o presidente Juan Manuel Santos anunciar que seu governo mantém conversações exploratórias com as Farc.

A curta mensagem do chefe guerrilheiro, entretanto, que não se sabe quando nem onde foi gravada, está em um sarcástico vídeo musical no qual aparecem guerrilheiros com uniformes verdes, boinas negras, camisetas com a imagem estampada de Che Guevara e instrumentos musicais.

No vídeo, eles cantam sobre a paz e se referem a Santos como "Chucky" e burguês.

"Aí eu me vou para Havana, esta vez para conversar, com aquele que me acusava de mentir sobre a paz", diz a canção no vídeo.

As notícias de paz surgem em meio a uma intensificação do conflito em diferentes regiões da Colômbia, impactando em setores produtivos como petróleo, minas e energia, e ainda golpeando a população civil.

Apesar de debilitado por uma ofensiva militar apoiada pelos Estados Unidos na qual morreram vários de seus combatentes e da deserção de outros milhares, o grupo rebelde ainda mantém capacidade de cometer ataques de grande impacto.

Com suas ações recentes, as Farc, que contam com cerca de 8 mil combatentes e são consideradas terroristas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, aparentemente tentam demonstrar seu poderio militar ante a eventual negociação de paz, segundo analistas.

A deterioração da segurança foi o principal fator para a queda da popularidade do presidente Santos, que em agosto cumpriu metade de seu mandato de quatro anos e começou um processo de reorganização de seu gabinete e de reorientação de suas principais políticas.