China critica hostilidade do republicano Ron DeSantis em relação ao país

Do Global Times – O governador da Flórida, Ron DeSantis, anunciou sua candidatura à presidência dos Estados Unidos na quarta-feira, horário local. Especialistas chineses afirmaram que o político republicano tem visões igualmente hostis e extremas em relação à China, assim como Donald Trump, mas provavelmente atua como uma "opção de backup" para o Partido Republicano caso Trump não possa concorrer às eleições do próximo ano devido aos seus problemas legais.

Após problemas técnicos que atrasaram o início em 25 minutos, DeSantis anunciou no Twitter, na quarta-feira, horário local, que está entrando na primária presidencial republicana, criando um confronto com o atual favorito do GOP, Trump, conforme relatado pela CNN.

"Estou concorrendo à presidência dos Estados Unidos para liderar nosso grande renascimento americano", disse ele durante um evento com o dono do Twitter, Elon Musk, e o investidor em tecnologia David Sacks. "Mas sabemos que nosso país está indo na direção errada. Vemos isso com nossos próprios olhos. E sentimos isso em nossos ossos."

Com essas declarações, DeSantis, que foi reeleito como governador de forma esmagadora no outono passado, abre um novo capítulo na campanha para enfrentar o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em 2024. DeSantis entra na primária republicana mais tarde do que outros concorrentes, mas inicia sua campanha com mais dinheiro e apoio nas pesquisas do que qualquer um, exceto Trump, de acordo com a CNN.

Diao Daming, professor associado da Universidade Renmin da China em Pequim, disse ao Global Times na quinta-feira que a popularidade de Trump aumentou muito depois que um veredito de um julgamento civil o considerou "responsável por abuso sexual" no início deste mês, e a diferença entre ele e DeSantis é de mais de 20%, então, neste momento, DeSantis dificilmente pode ser visto como alguém que poderia desafiar Trump. De acordo com as últimas pesquisas sobre quem está à frente na disputa republicana, publicadas pelo Five Thirty Eight, um site americano especializado em análise de pesquisas de opinião, Trump tem 54,3%, consolidando sua posição de favorito, enquanto DeSantis está em segundo lugar com apenas 20,6%. O ex-vice-presidente Mike Pence estava em terceiro lugar com 5,3% e Nikki Haley, ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU durante o mandato de Trump, ficou em quarto lugar com 4,2%. Segundo a imprensa americana, o veredito de um júri federal concluiu que Trump abusou sexualmente a ex-colunista de revistas E. Jean Carroll em uma loja de departamento de luxo em Manhattan quase 30 anos atrás, na primavera de 1996, tornando-o o primeiro presidente dos Estados Unidos considerado responsável por agressão sexual. Carroll recebeu cerca de 5 milhões de dólares em indenização compensatória e punitiva.

Muitos apoiadores de Trump veem esse caso como prova de que os democratas e as elites pró-estabelecimento lançaram uma "caça às bruxas" contra Trump para encerrar suas chances de concorrer em 2024, já que seus problemas legais fizeram com que mais pessoas, especialmente conservadores e aqueles que não gostam da administração Biden, escolhessem se aproximar ainda mais dele, disseram os especialistas. Diao disse que ainda é cedo para prever o impacto da candidatura de DeSantis nas primárias republicanas ou nas eleições presidenciais, pois nos próximos meses, se DeSantis conseguir obter mais apoio e reduzir a diferença para menos de 10%, então ele será um sério desafiante.

Lü Xiang, especialista em estudos americanos e pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, também acredita que os republicanos estão usando DeSantis como uma "roda reserva" ou "opção de backup" caso Trump enfrente grandes problemas legais no próximo ano antes das eleições, já que DeSantis é a melhor alternativa para os republicanos. De acordo com o New York Times, o julgamento de Trump está marcado para 25 de março de 2024, conforme anunciado pelo juiz responsável pelo caso criminal em Manhattan em uma audiência na terça-feira. Lü disse que, como o julgamento ocorrerá pouco antes das eleições, se Trump receber uma sentença de prisão, ele não poderá concorrer, deixando DeSantis como substituto dos republicanos.

Assim como a maioria dos políticos conservadores dos EUA, DeSantis possui uma visão hostil em relação à China. Em 8 de maio, DeSantis assinou uma legislação que proibiria o uso do TikTok e de outros aplicativos chineses em servidores escolares e governamentais e limitaria as compras de terras por cidadãos da China, segundo a imprensa.

As três leis relacionadas à China assinadas por DeSantis, aprovadas com apoio bipartidário pela legislatura controlada pelos republicanos, também incluem uma que proíbe universidades no estado costeiro do sudeste de aceitar qualquer fundo da China.

Quando os EUA entrarem no período eleitoral, políticos como DeSantis, sejam democratas ou republicanos, tentarão adotar uma postura agressiva em relação à China e até competirão entre si para ver quem é mais belicoso, e é difícil imaginar como serão ruins as relações entre China e EUA naquela época, pois os laços bilaterais já estão extremamente tensos, afirmaram os especialistas.

Lü disse que a administração Biden está buscando engajamento e comunicação com a China neste momento, já que Washington também vê o perigo de perder o controle sobre as relações sino-americanas, e Biden pode precisar da China para ajudar os EUA em sua complicada situação econômica. "Mas Biden só tem uma pequena janela de agora até agosto, e uma vez que os EUA entrarem no período eleitoral, será muito mais difícil consertar ou gerenciar as relações sino-americanas".