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'China decidiu aumentar controle sobre capital privado', afirma Elias Jabbour

Estudioso explica medidas para reduzir peso dos capitalistas e ampliar intervenção do Partido Comunista e sindicatos

Elias Jabbour (Foto: Thomas Peter/Reuters | Reprodução)
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Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS INTERNACIONAL desta quinta-feira (02/09), o jornalista Breno Altman entrevistou Elias Jabbour, professor de economia da UERJ e membro do comitê central do Partido Comunista Brasileiro, sobre o atual desenvolvimento político e econômico da China.

Recentemente, o país está passando por uma série de mudanças, regulamentando o setor financeiro, “rearranjando o sistema de propriedade e aumentando o controle sobre o capital privado”. Jabbour explicou que o setor privado tem cumprido um papel fundamental no desenvolvimento econômico do país, “mas a propriedade privada está se tornando um entrave no processo de desenvolvimento rumo ao socialismo”.

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Algumas empresas, como a Alibaba, e seus empresários estão ganhando poder político, inclusive manifestando-se contra o Partido Comunista Chinês. “Xi Jinping está colocando um limite na capacidade de ação política dessa classe. Começou um processo de subjugamento dos milionários do país, que agora vão ter obrigações tributárias importantes. Sem mencionar ter obrigado empresas privadas a ter seus CEOs como membros do PCCh”, destacou.

Segundo o estudioso, essa estratégia, que será “o grande carimbo da gestão de Xi Jinping”, pretende reposicionar a legenda na sociedade chinesa e buscar uma unidade na sociedade. Atualmente, a maior parte da população é urbana e a China é o país onde mais se realizam greves. Como resultado, o governo promove aumentos salariais acima da produtividade do trabalho “para unificar a sociedade em torno de um projeto contra um inimigo em comum, que são os Estados Unidos”. 

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“O setor privado vai ficando cada vez mais dependente do Estado e o Estado vai tendo uma participação cada vez maior dentro das empresas privadas”, reforçou.

‘Falar em imperialismo chinês é um absurdo’

Críticos ao modelo da China falam em imperialismo chinês, conceito rejeitado por Jabbour. De acordo com ele, nem historicamente a China foi expansionista, exceto quando governada pelas dinastias Manchú e Mongol, “chegaram antes na Europa e não foi para dominar”.

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“A forma como a China se relaciona com os países africanos, latinos e asiáticos é diferente de como os EUA se relacionam com esses países. A tendência chinesa é se adaptar a projetos nacionais autônomos, não impõe pré-condições políticas para realizar acordos. A tendência do uso da violência, que é uma característica do imperialismo, é algo que a China não faz. Então não tem sentido nem histórico nem real dizer que a China é imperialista, é um absurdo completo”, argumentou.

O estudioso também rebateu a teoria de que o país estaria tentando se apropriar da riqueza produzida nas periferias mundiais: “A globalização que a China quer entregar para o mundo é oposta à globalização financeira, porque não interessa à China que o mundo empobreça porque ela precisa que o mundo consuma seus produtos”.

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Ele, contudo, não descartou que existam contradições nas relações estabelecidas, mas ponderou que elas ainda são de maior qualidade do que as que estabeleceriam os EUA, por exemplo.

Por isso, na opinião de Jabbour, o Brasil deveria planejar sua economia de acordo com as tendências criadas pela China, preparando a economia nacional para receber investimentos em infraestrutura urbana em troca de soja, petróleo e ferro, o que também possibilitaria nossa reindustrialização.

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“Não vejo a China como inimiga desse processo. Acho que a reindustrialização do Brasil não seria contraditória com ser exportador de commodities. E a China também tem capacidade de diversificar seus fornecedores”, refletiu.

Rivalidade com os EUA

Para o estudioso, são esses desafios que movem a política econômica internacional chinesa, junto com o confronto geopolítico com os EUA: “Existe uma unidade entre a geopolítica e as necessidades internas da China”.

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Por isso o país asiático busca se aliar a nações cujas relações com os EUA não são as mais positivas, como Bolívia, Venezuela e Cuba. Jabbour acredita que essa tendência poderia se repetir, desta vez com o Afeganistão. “Se a China estabelece relações estáveis com o Talibã, cria relações para estabelecer a via férrea, o que diminuiria a vulnerabilidade chinesa nesse campo”.

Isso não significa, contudo, interferência. A China não interfere nos assuntos internos de seus aliados, o que inclusive gera críticas, pois se considera que o país poderia “fazer mais”.

“A história demonstrou que interferência não dá certo. A China só pode fazer o que ela já faz. Se fizesse mais pela Venezuela, por exemplo, tomaria um calote. No caso de Cuba, a ilha já tem um déficit enorme com a China que é pago pelo povo chinês. Mais do que isso não é possível porque a China seria incapaz de quebrar o bloqueio”, defendeu.

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