Chomsky diz que insatisfação com partidos de centro é explorada por demagogos como Trump e Bolsonaro
O filósofo e linguista americano, Noam Chomsky, afirma em entrevista à Folha de S.Paulo que a esquerda brasileira está apática. Ele defende que a oposição deve aproveitar a crise na Amazônia como ponto de inflexão. Analisando o quadro mundial, afirma que insatisfação com o centro é explorada por demagogos como Trump e Bolsonaro
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247 - O filósofo e linguista americano, Noam Chomsky, professor emérito do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e professor da Universidade do Arizona, autor de mais de cem livros e ativista de esquerda, afirma em entrevista à Folha de S.Paulo que a esquerda brasileira está apática.
Ele defende que a oposição deve aproveitar a crise na Amazônia como ponto de inflexão.
Em passagem pelo Brasil, o filósofo e linguista diz que a esquerda mundial abraçou o combate à mudança climática e a defesa do meio ambiente como formas de fazer oposição a líderes populistas de direita. E que a esquerda brasileira deveria fazer o mesmo para ter algo real com que fazer oposição ao governo de extrema direita de Jair Bolsonaro.
“O Brasil ainda não desenvolveu uma oposição [a Bolsonaro]. É preciso que a crise na Amazônia funcione como um ponto de inflexão para a oposição”, diz Chomsky.
No ano passado, Chomsky visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão, em Curitiba, reuniu-se com os então candidatos Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) e se encontrou com Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores.
O professor diz que as políticas socioeconômicas adotadas nas últimas gerações, principalmente na era neoliberal, foram muito prejudiciais à grande maioria da população.
Exemplifica com os EUA, onde houve crescimento, mas os salários reais dos americanos estão abaixo do que eram nos anos 1970. A concentração de riqueza tem um efeito imediato sobre o sistema político —uma das razões para o declínio da democracia na Europa e outros lugares - afirma.
Como resultado, os partidos social-democratas na Alemanha quase desapareceram, o Partido Socialista na França desapareceu, e legendas marginais agora são influentes - analisa.
Nos EUA, desde os democratas clintonianos, o partido vem se afastando da classe trabalhadora. O fato mais importante da eleição presidencial de 2016 foi o colapso de ambos os partidos —Bernie Sanders saiu do nada, não tinha recursos, a mídia o odiava, e quase ganhou a indicação- aponta .
De acordo com Chomsky, estamos vendo o colapso das instituições de centro, por causa de raiva e ressentimento, que são explorados por demagogos como Trump, Bolsonaro, Matteo Salvini, Viktor Orbán.
Ele aponta, por outro lado, que há movimentos de resistência muito promissores. Na Europa, o DiEM25 [Movimento Democracia na Europa em 2025, para combater a mudança climática e gerar empregos] e o Extinction Rebellion [grupo internacional para evitar a extinção em massa devido às mudanças climáticas] tiveram muitas conquistas.
Nos EUA, há uma guinada para a esquerda entre os democratas. O Movimento Sunrise tem jovens que pressionam o Congresso, com muito ativismo direto, e que conseguiram algo inimaginável há alguns anos —fazer o Green New Deal entrar na agenda - informa.
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