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      De novo, fumaça preta no Vaticano

      Cardeais que participam do conclave secreto não alcançaram consenso para eleger um novo papa em duas votações nesta quarta-feira de manhã

      De novo, fumaça preta no Vaticano (Foto: POOL)
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      Por Barry Moody

      CIDADE DO VATICANO, 13 Mar (Reuters) - Cardeais que participam do conclave secreto não alcançaram consenso para eleger um novo papa em duas votações nesta quarta-feira de manhã, e fumaça preta saiu da chaminé na Capela Sistina mostrando que as votações iniciais do primeiro dia completo de conclave foram inconclusivas.

      Os 115 cardeais-eleitores devem realizar outras duas sessões mais tarde nesta quarta, depois de rezarem por inspiração divina para escolher um líder que possa liderar a Igreja Católica num momento de crise.

      Depois de passarem a noite enclausurados em uma residência próxima, após uma primeira votação também inconclusiva na terça-feira, os cardeais participaram de uma missa pela manhã na Capela Paulina, no Palácio Apostólico do Vaticano.

      De lá, eles voltaram à Capela Sistina para realizar duas votações no período da manhã em busca de eleger um pontífice capaz de enfrentar uma série de escândalos e conflitos internos.

      Quando um papa for eleito, fumaça branca sairá pela chaminé da capela e os sinos do carrilhão de São Pedro serão badalados.

      Os cardeais ficaram fechados na terça-feira dentro da capela pela primeira vez, depois de um dia de pompa religiosa e oração para se preparar para a tarefa. Apenas uma votação foi realizada na terça, terminando inconclusiva como esperado, com fumaça preta saindo de uma chaminé acima da capela para sinalizar que nenhum papa tinha sido eleito.

      Nenhum conclave moderno chegou a uma conclusão no primeiro dia, por isso a falta de um resultado na votação única de terça-feira não foi qualquer surpresa.

      A maioria das apostas aponta para uma decisão até quinta-feira, embora não exista um claro favorito e o processo possa levar mais tempo.

      "Um novo papa até amanhã", foi a manchete de quarta-feira do jornal La Stampa, após dias de especulação da imprensa italiana sobre quem tem mais chances na eleição.

      Desde o começo do século 20, só um papa --Pio 12, em 1939-- foi eleito nas três primeiras votações. Nos últimos nove conclaves, houve em média sete votações até a definição. Bento 16, que era favorito claro em 2005, foi eleito no quarto escrutínio.

      Logo de manhã, apesar da forte chuva, peregrinos e turistas começaram a chegar à praça de São Pedro, na esperança de testemunhar a histórica aparição da fumaça branca sobre a capela Sistina.

      "É um momento maravilhoso, um momento histórico", disse o monsenhor Ronny Jenkins, secretário-geral da Conferência de Bispos Católicos dos EUA, que estava entre centenas de pessoas que esperavam sob guarda-chuvas na praça diante da enorme igreja. "É algo único. Um momento incrível, mas queremos que a chuva vá embora", acrescentou ele, rindo.

      FECHADOS A CHAVE

      Até que o papa seja escolhido, nenhum detalhe do conclave deve ser revelado. Para garantir o sigilo, o Vaticano tomou precauções como a instalação de equipamentos que embaralham sinais eletrônicos.

      O novo papa assumirá uma tarefa que Bento 16 declarou em fevereiro estar acima das suas capacidades físicas.

      A Igreja foi abalada pelo escândalo dos abusos sexuais cometidos por clérigos contra menores e pelo caso "Vatileaks", em que um mordomo de Bento 16 revelou documentos indicando corrupção e disputas internas na Cúria Romana). A instituição tem sido atingida também pelo avanço do secularismo e de religiões concorrentes no mundo, e por problemas na gestão do Banco do Vaticano.

      O cardeal Roger Mahony, ex-arcebispo de Los Angeles, participa do conclave contrariando apelos para se afastar, devido ao escândalo sexual que o levou a ser censurado em janeiro por seu sucessor, arcebispo Jose Gomez. Mahony foi privado de todas as suas atribuições públicas e administrativas.

      Na terça-feira, advogados de vítimas de quatro casos de abusos sexuais disseram que a diocese, Mahony e um ex-padre concordaram em pagar quase 10 milhões de dólares em indenizações. Mahony era acusado de ter ajudado um padre pedófilo confesso a escapar de um processo judicial.

      CARDEAIS FAVORITOS

      Não há um favorito claro, mas vaticanistas dizem que o italiano Angelo Scola e o brasileiro Odilo Scherer estão despontando. O primeiro devolveria o pontificado os italianos após um hiato de 35 anos, ao passo que o segundo se tornaria o primeiro papa não-europeu desde o sírio Gregório 3º, há 1.300 anos.

      Nas reuniões preparatórias para o conclave, alguns prelados manifestaram preferência por um papa que tenha pulso firme para controlar as disputas na Cúria, enquanto outros preferiam um pregador carismático que difunda o catolicismo.

      Vaticanistas dizem que Scola, que comandou duas grandes dioceses italianas, poderia estar mais bem posicionado para compreender a política bizantina do Vaticano, podendo assim introduzir reformas rápidas.

      Mas os cardeais que trabalham na Cúria estariam, segundo essas fontes, se agrupando em torno de Scherer, que trabalhou durante sete anos na Congregação do Vaticano para os Bispos, antes de assumir a arquidiocese de São Paulo - a maior do Brasil, país com o maior número de católicos no mundo. Ele também agradaria àqueles que preferem um não-europeu, refletindo o futuro de uma Igreja que se volta para o mundo em desenvolvimento.

      Além de Scola e Scherer, vários outros candidatos também têm sido citados, como os norte-americanos Timothy Dolan e Sean O'Malley, o canadense Marc Ouellet e o argentino Leonardo Sandri.

      (Reportagem adicional de Naomi O'Leary, Philip Pullella, Crispian Balmer e Tom Heneghan)

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