Egito anuncia que países árabes aprovaram plano para a reconstrução de Gaza

247 - O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, anunciou nesta terça-feira, durante uma cúpula extraordinária da Liga Árabe no Cairo, que os países árabes aprovaram seu plano para a reconstrução da Faixa de Gaza, informa O Globo. A proposta foi elaborada em resposta às ideias controversas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sugeriu o deslocamento permanente da população palestina e a criação de uma “Riviera de Gaza”.

 A iniciativa egípcia, que pode custar aproximadamente US$ 53,2 bilhões, será apresentada ao governo americano nas próximas semanas, conforme informações de autoridades jordanianas.

De acordo com um esboço preliminar do plano, obtido pela CNN, o Cairo propõe substituir o governo do grupo terrorista Hamas por um comitê palestino independente e tecnocrático, que ficaria responsável pela administração de Gaza por um período de seis meses, sob supervisão da Autoridade Nacional Palestina (ANP). Este comitê seria formado por membros sem vínculos com facções palestinas. O Egito e a Jordânia, segundo o plano, também ajudariam a treinar as forças policiais palestinas para garantir a segurança do território devastado.

Em sua fala de abertura, Sissi destacou a importância de garantir que os palestinos "permaneçam em suas terras", uma questão que é unanimidade entre os países árabes. No entanto, desafios significativos ainda precisam ser superados. Entre eles, a definição sobre a governança em Gaza e as questões de segurança permanecem em aberto, especialmente em relação ao futuro do Hamas. Uma versão do plano, com 90 páginas, revela que a reconstrução seria feita em várias fases ao longo de seis meses a cinco anos.

A proposta prevê, inicialmente, a acomodação de 1,5 milhão de palestinos em unidades habitacionais temporárias em sete locais do território, enquanto uma gigantesca operação de remoção de escombros começa. Além disso, o esboço sugere a criação de uma "força internacional de defesa/manutenção da paz", com mandato aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU.

A eliminação de facções armadas palestinas, no entanto, só seria possível dentro de um "cronograma para o estabelecimento do Estado palestino e o fortalecimento de suas capacidades". Vale notar que o Hamas não é especificamente citado no plano.

Após o apoio obtido na cúpula, o plano egípcio será discutido em uma reunião ministerial na Arábia Saudita, onde os detalhes serão refinados. Esta reunião incluirá representantes de países de maioria muçulmana como Indonésia, Irã, Malásia e Turquia, e posteriormente haverá uma série de consultas diplomáticas para garantir apoio internacional. No entanto, o maior desafio pode ser convencer os países ocidentais, especialmente Israel e os Estados Unidos, a apoiar o plano. A principal resistência gira em torno da questão do Hamas e como lidar com a segurança em Gaza, algo que os EUA e a União Europeia têm tratado como uma prioridade.

Ibrahim Saif, ex-ministro da Jordânia, afirmou à Bloomberg que o sucesso do plano dependerá da capacidade de abordar as preocupações de segurança de Israel. "Se esses cinco países se unirem e mantiverem sua posição, então ele [Trump] não poderá simplesmente dizer ‘não gosto disso’", comentou, referindo-se à posição dos principais aliados dos Estados Unidos na região.