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Mundo

Em Gaza, procedimentos hospitalares sem anestesia provocam gritos e orações

Quando um grande número de feridos é trazido ao mesmo tempo, não há outra opção a não ser lidar com eles no chão

Menina recebe atendimento sem anestesia no Hospital Al Shifa em Gaza 8/11/2023 (Foto: REUTERS/Doaa Rouqa)
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Por Nidal al-Mughrabi

GAZA (Reuters) - A garotinha chorava de dor e gritava "mamãe, mamãe" enquanto o enfermeiro costurava seu ferimento na cabeça sem usar anestesia, porque não havia nenhuma disponível na ocasião no Hospital Al Shifa, na Cidade de Gaza.

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Esse foi um dos piores momentos que o enfermeiro Abu Emad Hassanein pode recordar ao descrever a dificuldade em lidar com um fluxo sem precedentes de feridos e a escassez de medicamentos para alívio da dor desde o início da guerra em Gaza, há um mês.

"Às vezes, damos a alguns deles gaze esterilizada (para morder) para reduzir a dor", disse Hassanein.

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"Sabemos que a dor que eles sentem é maior do que alguém poderia imaginar, além do que alguém da idade deles poderia suportar", afirmou, referindo-se a crianças como a menina com o ferimento na cabeça.

Ao chegar ao Al Shifa para trocar o curativo e aplicar desinfetante em um ferimento nas costas causado por um ataque aéreo, Nemer Abu Thair, um homem de meia-idade, disse que não recebeu nenhum alívio para dor quando o ferimento foi originalmente costurado.

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"Fiquei recitando o Alcorão até que terminassem", contou ele.

A guerra começou em 7 de outubro, quando homens armados do Hamas romperam a cerca da fronteira da Faixa de Gaza com o sul de Israel. Segundo Israel, o Hamas matou 1.400 pessoas e sequestrou 240, no pior dia de violência da história de Israel.

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Israel respondeu com ataque aéreo, marítimo e terrestre ao enclave densamente povoado e controlado pelo Hamas. Os ataques, de acordo com autoridades de saúde de Gaza, já matou mais de 11 mil palestinos.

Mohammad Abu Selmeyah, diretor do Hospital Al Shifa, disse que, quando um grande número de feridos é trazido ao mesmo tempo, não há outra opção a não ser lidar com eles no chão, sem o alívio adequado da dor.

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Ele deu como exemplo o que aconteceu imediatamente após uma explosão no Hospital Al Ahli Arab em 17 de outubro, quando disse que cerca de 250 pessoas feridas chegaram ao Al Shifa, que tem apenas 12 salas de cirurgia.

"Se tivéssemos esperado para operá-los um a um, teríamos perdido muitos dos feridos", afirmou Abu Selmeyah.

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"Fomos forçados a operar no chão e sem anestesia, ou usando anestesia simples ou analgésicos fracos para salvar vidas", disse ele.

Os procedimentos realizados pela equipe do Al Shifa nessas circunstâncias incluíram a amputação de membros e dedos, a sutura de ferimentos graves e o tratamento de queimaduras graves, disse Abu Selmeyah, sem entrar em detalhes.

"É doloroso para a equipe médica. Não é simples. Ou o paciente sofre com a dor ou perde a vida", declarou o diretor do hospital.

Durante os primeiros 12 dias da guerra, nenhuma ajuda foi permitida em Gaza. Em 21 de outubro, um primeiro comboio de caminhões de ajuda chegou pela passagem de Rafah, na fronteira da faixa com o Egito. Desde então, vários comboios entraram, mas as Nações Unidas e os grupos de ajuda dizem que o auxílio fornecido não está nem perto da escala necessária para mitigar uma catástrofe humanitária.

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