Esposa de Macron vira alvo de ação judicial após ofensas a feministas em Paris: “vadias estúpidas”
Segundo a reportagem, Brigitte Macron foi filmada enquanto conversava com o ator e comediante Ary Abittan
247 - A primeira-dama da França, Brigitte Macron, tornou-se alvo de um processo judicial movido por 343 mulheres ligadas a organizações de direitos humanos após a divulgação de um vídeo em que aparece xingando manifestantes feministas em Paris. As autoras da ação alegam que as declarações configuram ofensa coletiva e são incompatíveis com a posição pública ocupada por ela.
A informação foi divulgada pelo site Metrópoles, que revelou os detalhes do episódio ocorrido no último dia 7 de dezembro, no Teatro Folies Bergère, um dos mais tradicionais da capital francesa.
Segundo a reportagem, Brigitte Macron foi filmada enquanto conversava com o ator e comediante Ary Abittan, que havia sido acusado de estupro. O caso contra ele foi encerrado em 2024 por falta de provas, mas continuou a gerar protestos de grupos feministas. Na véspera da visita da primeira-dama ao teatro, a apresentação de Abittan havia sido interrompida por ativistas que protestavam contra o retorno do artista aos palcos.
Durante a conversa registrada em vídeo, Brigitte perguntou ao comediante como ele estava após o protesto. Abittan respondeu que se sentia com medo. Em reação, a primeira-dama chamou as manifestantes de “vadias estúpidas”. No mesmo diálogo, ela ainda afirmou que, caso um novo protesto ocorresse durante a apresentação daquele dia, “nós as expulsaremos”.
A repercussão das imagens levou à mobilização de organizações feministas e de direitos humanos, que decidiram levar o caso à Justiça. Para os grupos, as declarações ultrapassam o âmbito privado e têm peso institucional, dada a visibilidade e a influência associadas ao cargo de primeira-dama.
Em entrevista ao site Brut France, Brigitte Macron afirmou que não sabia que estava sendo filmada no momento em que proferiu as ofensas. “Eu queria tranquilizá-lo, certamente reagi de forma desajeitada, mas não tinha outras palavras à minha disposição naquele momento”, disse.
Apesar disso, ela declarou não se arrepender do que falou. “Não posso me arrepender de falar. Sou, de fato, a esposa do presidente da República, mas, antes de tudo, sou eu mesma. E, portanto, quando estou em privado, posso me soltar de uma maneira absolutamente inadequada”, afirmou.
A advogada Juliette Chapelle, que representa os coletivos feministas responsáveis pela ação, defendeu que Brigitte Macron seja responsabilizada judicialmente.“Ela é a primeira-dama da França, suas palavras importam”, disse em entrevista a uma rádio francesa. Segundo Chapelle, há uma contradição entre a imagem pública de Brigitte, frequentemente associada ao engajamento em causas feministas, e o conteúdo das declarações registradas no vídeo.
