Estaria o mundo à beira de nova crise econômica?
O crescimento econômico tem acelerado nos últimos anos em todos os países do mundo. Ao mesmo tempo, a correlação global entre a dívida externa e o PIB, apesar das ações dos reguladores bancários das principais potências econômicas, alcançou quase 250%; neste contexto, devemos perguntar: existe o risco de o mundo voltar a ver-se sacudido por uma crise econômica?
Da Sputnik Brasil
O crescimento econômico tem acelerado nos últimos anos em todos os países do mundo. Ao mesmo tempo, a correlação global entre a dívida externa e o PIB, apesar das ações dos reguladores bancários das principais potências econômicas, alcançou quase 250%.
Neste contexto, devemos perguntar: existe o risco de o mundo voltar a ver-se sacudido por uma crise econômica?
"Para responder a essa pergunta, devemos lembrar que a dívida é ao mesmo tempo um passivo e um ativo", afirmou o ex-vice-presidente do Banco Mundial, Kemal Dervis, em um artigo para o portal Project Syndicate.
"Em uma economia fechada, quando não devemos nada aos países estrangeiros, o volume da dívida total e o volume de ativos que lhe corresponde se compensam de maneira natural", disse o especialista.
Segundo Dervis, na realidade, o mais importante é a estrutura da dívida, ou seja, que país, quanto e a quem deve dinheiro.
No caso da dívida privada, a chave é saber qual dos três tipos de dívida se trata. O primeiro é uma dívida "confiável", quando o fluxo de caixa do devedor cobre todas as suas obrigações. O segundo é o especulativo, quando o fluxo de caixa cobre apenas o pagamento de juros. O terceiro tipo se refere ao esquema Ponzi – quando não há recursos suficientes para pagar os juros. De acordo com o economista norte-americano Hyman Minsky, quanto maior for a percentagem de dívidas do primeiro e do segundo tipo, maior é o risco de o impacto de uma perda de confiança provocar uma onda repentina de incumprimento de pagamentos, o que pode levar a uma iminente crise financeira.
Ao contrário da maioria dos analistas, Dervis considera que concentrar-se apenas nos dados macroeconômicos tem pouco sentido.
O economista dá o exemplo da China que, segundo ele, apresenta números "temíveis": a correlação entre a dívida e o PIB chinês equivale a 250%, enquanto a percentagem da dívida do setor privado representa cerca de 210% do PIB.
Entretanto, cerca de dois terços da dívida do setor privado pertencem na realidade a empresas estatais e às estruturas governamentais locais, que em grande parte são controladas pelo governo central. O risco principal para Pequim representa o setor bancário informal, sobre o qual não existem dados fiáveis.
Em outros países em desenvolvimento também surgem algumas preocupações, mas, em geral, a situação é bastante estável. No que se refere aos países desenvolvidos não se pode dizer que a crise da dívida esteja a ponto de explodir. Parece que uma nova crise global é pouco provável.
Riscos geopolíticos
Entretanto, também é de tomar em conta os riscos geopolíticos, advertiu o economista. Por exemplo, o problema nuclear norte-coreano pode levar uma escalada de conflito imprevisível, que aumentaria o risco de confronto direito entre os EUA e a China.
Outra fonte da instabilidade continua sendo o Oriente Médio. A tensão no golfo Pérsico é tão elevada que um confronto bélico entre a Arábia Saudita e o Irã é cada vez menos descartável, opinou o autor.
No entanto, Dervis considera que os líderes políticos ainda têm tempo para implementar as reformas estruturais necessárias para lidar com esses problemas, mas lembra que esse período não é eterno.
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