EUA retêm ajuda militar e financeira ao Egito
Governo de Barack Obama bloqueou o envio de tanques, caças, helicópteros e mísseis ao país, além de US$ 260 milhões em ajuda financeira, enquanto Washington avalia a situação da democracia e dos direitos humanos depois da tomada do poder pelos militares
Por Patricia Zengerle e Arshad Mohammed
WASHINGTON, 9 Out (Reuters) - Os Estados Unidos disseram nesta quarta-feira que vão reter o envio de tanques, caças, helicópteros e mísseis ao Egito, além de 260 milhões de dólares em ajuda financeira, enquanto Washington avalia a situação da democracia e dos direitos humanos depois da tomada do poder pelos militares no país árabe.
A decisão, descrita por autoridades dos EUA, demonstra a insatisfação norte-americana com os rumos do Egito desde a deposição do presidente islâmico Mohamed Mursi, em 3 de julho.
Mas o Departamento de Estado disse que não irá interromper toda a ajuda, e que será preservado o apoio militar para operações de contraterrorismo, contraproliferação e segurança na península do Sinai, fronteiriça com Israel.
Além disso, continuarão sendo beneficiados programas que beneficiem a população egípcia em áreas como educação, saúde e desenvolvimento do setor privado.
Essa diferenciação ilustra um dilema dos EUA com relação ao Egito - o desejo de passar a impressão de estar promovendo a democracia, em contraponto à necessidade de manter a cooperação com uma nação estratégica.
"Continuaremos retendo a entrega de certos sistemas militares de grande escala e de assistência em dinheiro ao governo, à espera de um progresso crível no sentido de um governo civil inclusivo e democraticamente eleito por meio de eleições livres e limpas", disse em nota Jen Psaki, porta-voz do Departamento de Estado.
Fontes do governo norte-americano disseram a jornalistas, sob anonimato, que a intenção é que essa retenção seja apenas temporária. Uma das fontes disse que o secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, telefonou para o general Abdel Fattah al Sisi, homem-forte do novo governo egípcio, para anunciar as restrições. De acordo com esse relato, a conversa durou 40 minutos e foi amistosa.
Mursi, primeiro presidente eleito livremente na história egípcia, foi deposto em julho por militares após enfrentar gigantescos protestos populares. Desde então, o governo instalado pelos militares reprime com violência as manifestações de seguidores da Irmandade Muçulmana, o grupo de Mursi.
Jon Alterman, diretor do programa de Oriente Médio do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington, disse duvidar da eficiência da decisão norte-americana.
"Ela pode fazer alguns norte-americanos se sentirem melhor sobre o papel dos EUA no mundo, mas é difícil imaginar como ela muda a forma como o governo egípcio se comporta."
(Reportagem adicional de Mark Felsenthal, Steve Holland, Roberta Rampton, Andrea Shalal-esa e Phil Stewart)
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