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Fernández adota tom ameno na Argentina e busca boa relação com o Brasil

"Eu acho que o Fernández busca uma relação madura, dizendo que os países devem buscar várias relações econômicas possíveis. Já o Bolsonaro não me parece ter o mesmo amadurecimento do que o Fernández", diz o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), André Luiz Coelho

(Brasília - DF, 30/07/2019) Palavras do Presidente da República, Jair Bolsonaro. \rFoto: Marcos Corrêa/PR (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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Sputinik – O governo do presidente argentino Alberto Fernández completou o seu 1º mês nesta sexta-feira. Focado nas dívidas, o mais recente morador da Casa Rosada deu sinais que quer uma boa relação com o líder brasileiro Jair Bolsonaro, algo que segue difícil, segundo um analista ouvido pela Sputnik Brasil.

Na opinião do professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), André Luiz Coelho, pouco mudou em relação às relações entre Fernández, alinhado com o peronismo e o kirchnerismo, e Bolsonaro, ligado a uma direita de cunho mais conservador no Brasil.

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"Acho que o Alberto Fernández segurou mais o discurso dele agora depois de eleito. Ele tinha um discurso até que se aproximou do Lula, chegou a falar em Lula Livre durante a campanha e no dia da posse, mas ao longo desse primeiro mês de mandato ele não fez nenhuma crítica direta ao governo brasileiro", avaliou o especialista em políticas latino-americanas.

"Já o governo do presidente Bolsonaro, especialmente no Twitter, ele fez várias críticas ao Alberto Fernández, especialmente a sua relação com a Venezuela. Há alguns dias ele chegou a fazer um tweet no qual ele relacionava a Venezuela e a Argentina, dizendo sobre a possibilidade das novas medidas econômicas tomadas pelo Alberto Fernández aumentarem o número de argentinos no Brasil, da mesma maneira que muito venezuelanos fugiram de lá para o norte do Brasil", prosseguiu.

Entretanto, como muitas de suas falas, o presidente brasileiro não apresentou dados ou outros elementos para sustentar a sua afirmação. Coelho relembrou que Bolsonaro também ameaçou tirar a Argentina do Mercosul, caso o novo mandatário argentino dificultasse a implementação do acordo firmado no ano passado do bloco sul-americano com a União Europeia (UE).

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"Eu acho que o Fernández busca uma relação madura, dizendo que os países devem buscar várias relações econômicas possíveis. Já o Bolsonaro não me parece ter o mesmo amadurecimento do que o Fernández, tanto essas críticas com relação às mudanças do Fernández em relação à Venezuela [...] não defende o governo Maduro, ao contrário da sua vice Cristina Kirchner, que defende uma postura mais assertiva de defesa do governo Maduro", afirmou.

"Mas o Bolsonaro continua criticando a Argentina, dizendo da possibilidade da fuga de argentinos para o Brasil, o que não me parece nem um pouco verdade nesse momento. Na verdade, me parece que o Bolsonaro continua ainda muito mais com um discurso ideológico do que o Alberto Fernández, dizendo inclusive sobre a possibilidade de tirar a Argentina do Mercosul caso ela crie algum problema para firmar o acordo entre Mercosul e UE. Não me parece neste momento que a Argentina possa criar algum entrave para que esse acordo já negociado seja colocado em execução, me parece que não vai ser o caso da Argentina neste momento, mas o Bolsonaro afirma que vai tirar a Argentina do Mercosul caso cause problemas, o que eu tenho certeza que legalmente é impossível", complementou.

Para Coelho, Fernández está menos preocupado com ideologias neste momento e se mostra focado em recuperar a viabilizar economicamente a Argentina, que foi deixada "no chão" pelo antecessor dele, Mauricio Macri – preferido de Bolsonaro nas últimas eleições presidenciais no país vizinho. O especialista da Unirio relembrou que medidas de austeridade, renegociação com credores e barrar a fuga de dólares integram a linha de frente dos planos do presidente.

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"O Paulo Guedes, ministro da Economia do Bolsonaro, afirmou ter uma relação boa com o Alberto Fernández e que entende que a Argentina está indo por um bom caminho, principalmente após esse pacote econômico anunciado em 17 de dezembro. Então o Paulo Guedes está pensando algo diferente do que o presidente Bolsonaro", argumentou.

Segundo Coelho, o que traz otimismo para as boas relações entre Brasília e Buenos Aires se encontra em uma área técnica: a diplomacia. A linha direta que vem sendo estabelecida entre ambas as chancelarias é fundamental, na visão do professor. Isto, claro, se os diplomatas e sua expertise puderem ser exercidas sem influências políticas e ideológicas.

"Nós temos uma tradição histórica de uma relação muito boa com a Argentina desde a redemocratização [em 1985]. Tanto o Sarney quando o Alfonsín aproximaram os países, essa aproximação acabou gerando o Mercosul anos depois, então há uma aproximação histórica entre as duas chancelarias. Na verdade, me parece que os diplomatas brasileiros e argentinos têm uma agenda a ser cumprida, agenda essa que vem de décadas anteriores. Então uma vez que os diplomatas tenham importância no governo Bolsonaro, especialmente aqueles focados na relação Brasil-Argentina e que tenham liberdade para trabalhar, isso é o melhor dos sinais. Se esses diplomatas não tiverem espaço para trabalhar, aí sim teremos problemas", profetizou.

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