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Mundo

Freio de arrumação na Europa

Na Europa, a questão é mais dramática: busca-se salvar a Grécia para preservar as demais nações

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A grave situação econômica europeia não arrefece. As bolsas do continente seguem pressionadas pelas seguidas notícias ruins sobre a Grécia. A última delas foi o rebaixamento da nota de risco conferida pela Moody’s aos bancos BNP Paribas, Crédit Agricole e Société Générale, por estarem expostos à dívida soberana grega. A Standard & Poor’s já havia baixado a classificação da Grécia para “CCC”, a pior nota do mundo, mantendo a tendência de moratória.

Há uma semana, a Alemanha chegou a sugerir uma moratória de sete anos para que a Grécia começasse a pagar seus credores. A proposta surpreendeu por representar uma mudança radical na postura dos países europeus quanto a situações de crise. Sabe-se que a União Europeia e o FMI (Fundo Monetário Internacional) já preparam um novo pacote de resgate para a economia grega.

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No entanto, as autoridades alemãs sinalizam que apenas conceder recursos não será suficiente para dissipar as nuvens pesadas que pairam sobre os céus gregos. A bem da verdade, a Alemanha já vê “risco real de primeira quebra desordenada da zona do euro” e busca saídas para evitar isso. Nesse sentido, o discurso mudou: fala-se agora em envolver o setor privado na divisão dos ônus da crise, que antes recaía somente nos ombros dos contribuintes dos diversos países.

Se essa alternativa se confirmar, será exatamente o que há muito defendemos desde que a situação se agravou fortemente na Europa. De fato, vem se mostrando desnecessário todo o sacrifício imposto a Portugal, à Irlanda e à Espanha, com duros impactos particularmente aos trabalhadores, às classes médias e à pequena economia. A direita nesses países colheram frutos dessas políticas, mesmos sem atacar o cerne do problema: como superar as incertezas sobre os níveis de dívida se o caminho escolhido compromete o crescimento da economia.

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O receituário inicial alemão e do FMI, na contramão do que foi feito no Brasil, recomendava cortar investimentos, gastos e salários, benefícios previdenciários, aumentar impostos diretos e indiretos e até a contribuição previdenciária. Por outro lado, orientava pela venda de ativos, em privatizações de entrega da economia desses países ao capital alemão, feitas na bacia das almas, a preço de banana. Tudo isso em um cenário de juros em alta.

A nota de rodapé é que foram exatamente os mesmo bancos alemães os sócios dos norte-americanos na aventura especulativa dos derivativos que causou toda a crise que hoje ainda abate o mundo, especialmente a Europa.

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E o resultado simplesmente anulou todo o esforço fiscal ao jogar os países na recessão e no alto desemprego. No Brasil, as políticas opostas levaram à máxima “fomos o último a entrar e o primeiro a sair da crise”. E a razão foi justamente manter a economia aquecida, com forte atuação do Estado nesse sentido. À sociedade, coube contribuir com o vetor do consumo, em troca da preservação do nível do emprego. Há quem diga que no Brasil o peso dos benefícios sociais é menor, mas a questão foi a opção europeia equivocada.

Neste momento, o Brasil está diante de grandes desafios, mas no campo do que a presidenta, Dilma Rousseff, chamou de “bons problemas”, ou seja, os decorrentes de elevado nível de atividade econômica. Nosso debate se dá no nível dos ajustes, em como promover o desenvolvimento sustentável com distribuição de renda da maneira mais adequada aos nossos objetivos.

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Na Europa, contudo, a questão é mais dramática: busca-se salvar a Grécia para preservar as demais nações. Se, desde o início, tivessem feito o que pretendem fazer agora —uma moratória geral e uma reestruturação da dívida de Portugal, Itália, Grécia e Espanha—, hoje estariam em situação menos incômoda e o desemprego não seria tão profundo.

Como as consequências negativas na economia do Velho Continente serão sentidas mundo afora, cabe a nós não apenas esperar por um freio de arrumação nas políticas econômicas na Europa, mas tomar providências e nos defender dos efeitos sem adotar as mesmas receitas.

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José Dirceu, 65, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT

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