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Governos corruptos e totalitários têm mesmo de ser derrubados

Quase sempre é assim que os povos reagem às tiranias: um belo dia se convencem de que o grande ditador pode ser defenestrado e, arriscando-se à morte e às piores torturas, levantam-se contra o velho regime

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Grandes jornalistas do passado, como Carlos Heitor Cony, são leitura obrigatória para quem procura alternativa à mesmice insossa e ao reacionarismo hidrófobo da imprensa atual.

Seus lampejos são cada vez mais esporádicos mas, quando acontecem, produzem mais luz do que os escribas medíocres durante uma carreira inteira.

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Neste domingo (27), p. ex., foi Cony quem melhor definiu a onda de derrubada dos tiranos das Arábias --absurdamente defendidos por uma esquerda que perdeu o rumo e o prumo. Marx deve estar se revirando na cova.

Talvez por temerem que a onda chegue às praias de cá e atinja seus homens fortes prediletos, certos esquerdistas enfiaram a cabeça na areia, como avestruzes, alheando-se aos sentimentos populares de acolá.

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Se antes os reacionários enxergavam o dedo de Moscou em tudo, agora são esses companheiros desatinados que atribuem revoltas mais do que justificadas à instigação da Otan, confundindo coadjuvante com protagonistas.

Então, Cony encontrou a medida certa para dimensionar a onda de revoltas que está sendo apelidada de Primavera Árabe (na esteira das primaveras de Paris e de Praga em 1968):

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"...eu diria que há dois denominadores comuns. O primeiro, e mais óbvio, é o fato de nações subjugadas por tiranos de vários calibres se revoltarem contra governos totalitários e corruptos.

O segundo denominador comum é que ninguém sabe -nem o pessoal de lá nem o de cá, ou seja, do Ocidente que se diz democrático ou liberal- o que está sendo preparado para substituir os regimes depostos.

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Não há uma liderança clara, um programa nacional de corte positivo. Em cada país, há o ostensivo repúdio ao existente, mas não está claro, ainda, o que virá depois. Somente o sentimento da revolta não basta para haver uma Primavera Árabe de fato.

Essa falta de liderança -pensando bem- não afeta apenas os países que estão se movimentando em busca de um destino maior e melhor.

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Tanto na Europa como nas Américas, não há líderes convincentes..."

Ou seja, os povos da região não sabem direito aonde querem chegar, mas não aguentavam mais continuarem onde estavam.

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Quase sempre é assim que os povos reagem às tiranias: um belo dia se convencem de que o grande ditador pode ser defenestrado e, arriscando-se à morte e às piores torturas, levantam-se contra o velho regime.

Aí, cabe à vanguarda assumir e direcionar essa revolta espontânea.

Inexistindo uma vanguarda apta, como parece ser o caso, fica-se depois nesse limbo. Tudo pode acontecer, desde a estabilização capitalista até revoluções anticapitalistas. O jogo agora está aberto.

Alguém que se pretenda revolucionário não pode, jamais, querer que o povo de qualquer país permaneça sob o tacão de "governos totalitários e corruptos".

Assim como nos livramos do nosso em 1985, os árabes têm todo direito de se livrarem dos deles.

E, assim como os EUA de Jimmy Carter nos ajudaram a expelir os tiranos que os EUA de Lyndon Johnson e Richard Nixon nos haviam enfiado goela adentro, os árabes têm todo direito de decidir qual ajuda querem aceitar.

Quem enfrentou verdadeiramente uma ditadura, sabe muito bem como é difícil travar lutas tão desiguais, tendo poder de fogo infinitamente menor e confrontando inimigos totalmente sem escrúpulos.

Exigir que, além disto, os revoltosos recusem apoios oferecidos é pedir-lhes demais --atitude típica dos revolucionários de boteco.

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