Greve geral provoca confrontos na Espanha
Paralisao comeou de maneira pacfica, mas manifestantes e polcia se enfrentaram em algumas regies; protestos so contra a reforma trabalhista aprovada pelo governo de Mariano Rajoy
Thassio Borges _Opera Mundi – A Espanha amanheceu nesta quinta-feira (29/03) em meio a uma greve geral em protesto contra a reforma trabalhista aprovada pelo governo do conservador Mariano Rajoy, em fevereiro. A paralisação foi organizada pelos principais sindicatos do país, CCOO (Comissões Operárias) e UGT (União Geral de Trabalhadores).
Apesar de ter começado de maneira pacífica, em algumas regiões do país, como na cidade de Barcelona, houve enfrentamento entre manifestantes - que usaram pedras e bombas - e a polícia, que disparou armas de borracha para dispersar os tumultos.
Sindicatos e autoridades espanholas divergem quanto à participação dos trabalhadores na greve. O CCOO e a UGT garantem que a adesão à greve, que terá duração de 24 horas, é de 85% dos trabalhadores do país. O número pode cair para 75% nas próximas horas quando foram incorporados os dados dos setores de administração, educação, saúde e comércio.
Já o governo espanhol sustenta que a paralisação não teve o efeito esperado, já que muitos trabalhadores estariam cumprindo suas rotinas com normalidade. Apesar das declarações do governo, a greve pôde ser confirmada em diversas regiões do país, além da capital Madri.
Em Barcelona, a maioria das lojas e empresas do centro da cidade está fechada e a polícia ocupa as ruas para acompanhar os manifestantes, que realizam um protesto pacífico.
Trabalhadores do transporte público do país também aderiram à greve e nas principais cidades espanholas é possível ver adesivos com os dizeres “Estamos em greve!” e “Eles querem tirar nossos direitos”. Pelas ruas, os manifestantes promovem “apitaços” e agitam bandeiras.
Houve protestos e paralisações também na Catalunha, em Valência e Zaragoza, onde parques industriais foram fechados. Assim como em Madri, a greve nessas localidades deverá durar 24 horas.
A principal queixa dos manifestantes diz respeito à reforma trabalhista aprovada pelo governo em fevereiro. Os sindicatos alegam que as mudanças permitem que as empresas tenham mais facilidade para demitir seus funcionários, agravando a situação dos trabalhadores do país.
Atualmente, a Espanha é o país com o maior índice de desemprego na comunidade europeia. Cerca de 23% da população economicamente ativa do país está desempregada e a situação é ainda pior entre os jovens até 25 anos. Neste caso, o desemprego já beira os 50%.
O governo espanhol declarou que a reforma não será modificada, apesar de garantir que os sindicatos “têm direito” a convocar a greve. Para Rajoy, a reforma trabalhista irá criar empregos e modernizar as relações trabalhistas. Em resposta, os sindicatos afirmaram que caso as reformas não sejam alteradas, o país verá um “conflito social crescente”.
Austeridade
Esta é a primeira greve geral que Rajoy enfrenta desde que assumiu o poder, há menos de 100 dias. Para adequar o déficit público do país ao que é exigido pela União Europeia, o governo ainda irá adotar outras medidas de austeridade impopulares.
O Executivo apresentará o Orçamento Geral do Estado nesta sexta-feira (30) e o presidente já antecipou que deverá promover de cortes de 12 a 15% nos ministérios.
Apoio
Em apoio à greve geral no país, o jornal espanhol Público decidiu aderir à paralisação e informa, em seu site, que o espaço “não será atualizado durante todo o dia porque a redação decidiu apoiar a jornada de greve na Espanha”.
O jornal destaca ainda que a “greve geral poderá ser um ponto de inflexão na resposta social aos cortes do governo”. Os títulos das matérias na página principal do veículo estão cobertos de preto para destacar ainda a paralisação dos serviços.
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