CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Mundo

Israel faz propaganda contra palestinos em videogames para crianças

Propaganda faz parte de uma campanha do Ministério das Relações Exteriores de Israel, que gastou 1,5 milhão de dólares em anúncios na internet

Israel bombardeia Gaza (Foto: Ibraheem Abu Mustafa/Reuters/Ag. Brasil )
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Reuters – Maria Julia Assis estava sentada para comer em sua casa, no norte de Londres, quando seu filho de 6 anos entrou correndo na sala de jantar com o rosto pálido.    O quebra-cabeça do celular do menino havia sido interrompido por um vídeo que mostrava militantes do Hamas, famílias israelenses aterrorizadas e imagens desfocadas. Em uma tela preta, uma mensagem do Ministério das Relações Exteriores israelense dizia ao garoto: "VAMOS NOS CERTIFICAR DE QUE AQUELES QUE NOS FERIRAM PAGARÃO UM ALTO PREÇO".    Maria, uma barista brasileira de 28 anos, afirmou que a propaganda deixou seu filho trêmulo, e ela logo deletou o jogo.

"Ele ficou chocado", afirmou em entrevista telefônica na semana passada. "Ele literalmente perguntou: 'o que essa propaganda sangrenta está fazendo no meu jogo?'."    A Reuters não conseguiu estabelecer como o anúncio chegou ao videogame do menino, mas sua família não está sozinha. A agência de notícias documentou pelo menos cinco outros casos na Europa onde o mesmo vídeo pró-Israel — imagens de ataques com foguetes, uma explosão e homens mascarados — foi mostrado a pessoas em jogos, incluindo crianças.    Em pelo menos um dos casos, a propaganda foi rodada no popular jogo "Angry Birds", desenvolvido pela Rovio, que faz parte da SEGA.    A Rovio confirmou que "de alguma maneira essas propagandas com conteúdo perturbador chegaram por engano em nosso jogo" e que elas estão sendo bloqueadas manualmente. A porta-voz da empresa, Lotta Backlund, não especificou qual de seus "cerca de uma dúzia de parceiros de publicidade" publicou o anúncio.    O chefe da área digital do Ministério das Relações Exteriores israelense, David Saranga, confirmou que o vídeo é uma propaganda promovida pelo governo, mas afirmou "não ter ideia" de como ela acabou sendo veiculada dentro de vários jogos.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Ele explicou que a propaganda faz parte de uma campanha maior do Ministério das Relações Exteriores de Israel, que gastou 1,5 milhão de dólares em anúncios na internet desde que o ataque do Hamas, em 7 de outubro, a civis no sul de Israel desencadeou a guerra em Gaza. Segundo ele, autoridades instruíram especificamente os anunciantes a "bloquear o serviço para menores de 18 anos".

Saranga defendeu o caráter sensível da campanha publicitária.    "Queremos que o mundo entenda o que aconteceu aqui em Israel", afirmou Saranga. "É um massacre."    A Reuters não encontrou evidências de um esforço de propaganda análogo do lado palestino, a não ser alguns vídeos em idioma árabe veiculados pela Palestine TV, uma agência de notícias afiliada da Autoridade Palestina.     A Reuters documentou seis casos — no Reino Unido, França, Áustria, Alemanha e Holanda — onde pessoas viram propagandas iguais ou similares à mostrada ao filho da brasileira.    No caso de Maria Julia, o jogo que continha a peça publicitária era o "Alice's Mergeland", de uma empresa chamada LazyDog Game. Outros jogos "familiares" que exibiram publicidade do tipo foram "Stack", "Balls'n Ropes", "Solitaire: Card Game 2023" e "Subway Surfers".    (Reportagem de Raphael Satter, em Washington, Sheila Dang e Katie Paul, em Nova York)

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando...

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Carregando...

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO