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Jamil Chade sobre diplomacia brasileira em Genebra: foi um profundo constrangimento

O jornalista Jamil Chade, que há 20 anos percorre os corredores da ONU e de outras entidades internacionais, em um relato contundente afirmou que o que viu nesta quinta-feira (27) nas salas de reunião das Nações Unidas, em Genebra, é diferente de tudo o que havia visto em duas décadas. "O que presenciei foi um profundo constrangimento"

41 Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra (Foto: Foto ONU / Jean Marc Ferré)
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247 - O jornalista Jamil Chade, que há 20 anos percorre os corredores da ONU e de outras entidades internacionais, em um relato contundente afirmou que o que viu nesta quinta-feira (27) nas salas de reunião das Nações Unidas, em Genebra, é diferente de tudo o que havia visto em duas décadas. "O que presenciei foi um profundo constrangimento", escreveu no Uol.

Crítico dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, Chade conta que nos tempos petistas havia uma "coerência mínima" em relação à tradição da diplomacia nacional, que respeitava a lógica que remontava ao DNA da diplomacia de Rio Branco. "A soberania seria defendida por meio do fortalecimento da paz, pelo diálogo e da defesa irrestrita do sistema multilateral. E não por sua destruição", escreveu.

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Chade diz que hoje o Brasil abriu mão dessa tradição e levou à política externa valores ultra-conservadores do grupo no poder, passando a colocar em prática uma diplomacia "ideológica-religiosa" que, segundo o jornalista, "passou a minar o consenso até mesmo dentro do Ocidente".

Jamil conta que nos últimos dias, os diplomatas brasileiros receberam instruções de Brasilia para vetar nos textos e resoluções da ONU qualquer uso da palavra "gênero", para atacar questões específicas relacionadas à religião e também o conceito de direitos reprodutivos, incluindo aí "qualquer referência nos textos que eventualmente pudesse dar brecha a uma suposta análise positiva do aborto". Em tempo: nenhuma resolução defendia o aborto, "isso estava apenas na forma pela qual o governo brasileiro as interpretava".

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Com isso em vista, "enquanto os diplomatas brasileiros pediam a palavra e começavam a listar os vetos sobre os trechos das resoluções, o que se via na sala era uma mistura de espanto, ironias e incompreensão por parte das delegações estrangeiras", contou o jornalista.

Chade citou um representante do Uruguai, que não disfarçava o susto, e dois da UE: um ria e outro suspirava diante do que escutava. Os delegados trocavam impressões sobre como reagir ao Brasil por mensagens de telefone, conta Chade, enquanto os diplomatas "colocavam as placas com o nome de seus países para que pudessem intervir, contra as propostas brasileiras".

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Entre as ongs, "os comentários beiravam a revolta".

Nem mesmo Chile e Israel, dois novos aliados de Bolsonaro, "toparam a guinada brasileira ao obscurantismo e fizeram questão de pedir a palavra para dizer que não aceitavam o que o Brasil sugeria". 

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Para o jornalista, um diplomata europeu comentou que o regime de Duterte afirma que os brasileiros "estão com eles em uma resolução para impedir que os massacres nas Filipinas sejam investigados".

Quando achou que já tivesse visto de tudo, Chade contou que enquanto deixava a sede da ONU, uma relatora especial da entidade o segurou pelo braço e perguntou: o que está ocorrendo no Brasil?

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