HOME > Mundo

Lejeune Mirhan: “afirmação de que governo Biden ‘não vai mudar nada’ se choca com a realidade”

Professor e analista internacional enumera as diferenças entre o novo governo dos EUA, de Joe Biden, com o anterior, de Donald Trump. “Estamos criando uma nova situação no mundo que vai favorecer a multilateralidade e a multipolaridade”

Lejeune Mirhan e Joe Biden (Foto: Guilherme Santos/Sul21 | Kevin Lamarque/Reuters)

247 - O professor e analista internacional Lejeune Mirhan, em debate na TV 247, afirmou que o governo do novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, será sim diferente da gestão anterior, de Donald Trump, ao contrário do que outros especialistas pregam.

Ele listou diferenças de ideais de Biden e Trump, como a relação com a Venezuela, Rússia, China e Irã, que devem ser mais amistosas daqui em diante, para sustentar seu argumento. “Não é possível ficar como está. No governo Trump, na campanha dele, um dos principais pontos era acabar com o Chavismo na Venezuela, era derrubar o poder bolivariano, e ele sai com rabo no meio das pernas. Tentou com o Guaidó uma invasão fajuta que foi barrada por pescadores simples. E o Irã mandou cinco petroleiros cheios de insumos para voltar a funcionar as refinarias da Venezuela. Já não dá mais para derrubar a Venezuela porque tem a Rússia, tem a China, tem o Irã, que abriu uma cadeia de supermercados na Venezuela. Você não pode fazer uma afirmação dessa [de que não vai mudar nada no governo Biden] porque chega a ser antidialética, ela se choca com a realidade. Vai mudar a relação com a Rússia e com a China sim. A Rússia, por incrível que pareça, poderá até sofrer mais resistência do que a própria China. O Trump elencou a China como o maior adversário, e é provável que o Biden minimize essas sanções contra a China e possa vir a elevar o tom com relação à Rússia. Sobre o Irã, eu tenho quase uma absoluta certeza de que os Estados Unidos vão voltar para o acordo nuclear”.

O professor ressaltou, no entanto, que Biden lutará sim pela manutenção do império estadunidense, mas sem sucesso, já que o mundo caminha para um cenário que não permitirá mais um único país assumir todo o protagonismo. “Ele não vai deixar de lutar para os Estados Unidos serem a chefia do império. Outro dia ele deu uma declaração com a seguinte frase: ‘os Estados Unidos têm que voltar a sentar à cabeceira da mesa’. Eu estranharia se ele não dissesse isso. O fato dele ter dito isso não muda nada. É parte da atribuição do império continuar a hegemonia do império. Agora, não é mais possível ele exercer a chefia do império neste mundo atual de transição para a multipolaridade”.

Inscreva-se na TV 247, seja membro e compartilhe: