Lojas fecham mais cedo em Londres

Diego Iraheta - A sequência cinematográfica de ataques na Inglaterra mudou a rotina dos britânicos nesta terça-feira, quarto dia da onda de violência que alcançou pelo menos dez cidades. O pontualíssimo expediente do comércio inglês, das 9h às 17h, foi encurtado como medida preventiva. Ainda não eram 14h (10h, horário de Brasília) e 80% dos estabelecimentos de Hackney, bairro no nordeste de Londres, já tinham fechado as portas. Carros da polícia patrulhavam constantemente a Mare Street e a Clarence Road, onde os arruaceiros comandaram um quebra-quebra na segunda-feira à noite. Ainda que a Polícia Metropolitana não tenha oficializado nenhum “toque de recolher”, funcionários voltavam pra casa, deixando desertas ruas das áreas afetadas pela baderna.

Apesar da cautela, Londres respirou mais calma hoje, após as chamas ininterruptas desde sábado. Em viagem do norte ao sul da cidade, foi possível avistar apenas dois focos de fumaça no horizonte – possivelmente resultantes de atos de violência de ontem. À medida que o policiamento foi intensificado na capital, o número de saques e incêndios criminosos cresceu em outras cidades, como Manchester e Birmingham. A onipresença dos agentes em Londres (16 mil, conforme mandou o premiê David Cameron) parece ter surtido o efeito desejado de inibir vândalos.

Em Clapton Junction, no sul da capital, duas quadras foram isoladas pela polícia por causa do risco de desabamento de um prédio. A Party Superstore havia sido incendiada no dia anterior e os bombeiros passaram a tarde examinando a estrutura da edificação. Ali perto, uma rua cheia de lojas populares ficou completamente ferida pelo vandalismo. McDonalds, Starbucks, Jamie Oliver, O2, Orange: a fachada de todas foi depredada.

Cerca de 400 pessoas foram responsáveis por esse rastro de destruição em Clapton Junction na segunda à noite. Um policial admitiu ao Brasil 247 que os agentes demoraram a agir – cerca de duas horas depois do início dos ataques. “A maioria dos rebeldes era adolescente”, justificou. Após reunião do gabinete de emergência hoje de manhã, Cameron ressaltou que, independentemente da idade, os arruaceiros serão punidos. “Nós vamos fazer tudo que for necessário para restabelecer a ordem”, disse.

#riotcleanup

O governo contou com o apoio da sociedade para limpar a bagunça deixada pelos baderneiros de Londres. Pessoas de todas as idades levaram sacos, vassoura e luvas para recolher destroços de lojas e ajudar comerciantes que tiveram prejuízo. O professor Bob Johnny ficou sabendo da campanha pelo Twitter, por meio da hashtag #riotcleanup. “Participei da limpeza com aproximidamente trezentas pessoas. Foi fantástico ver o espírito de comunidade dos londrinos”.