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Mundo

Luta pela sobrevivência

O meu pensamento, até o dia 11 de março de 2011, era de que o Japão, apesar da alta taxa de desastres naturais, continuava sendo um país seguro para se viver

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Quando viajei para o Brasil no dia 10 de março de 2011, fui aproveitar as férias de 10 dias que todos os trabalhadores no Japão têm direito, depois de 6 meses em qualquer empresa. Aqui chamamos de “Yukyu” ou 年次有給休暇 (ねんじゆうきゅうきゅうか).

Não imaginava que ao chegar no Brasil, veria mensagens de amigos no Twitter perguntando se eu estava bem. Nem ver as imagens daquela onda gigante invadindo as terras na região de Tohoku, em todas as Tv’s brasileiras.

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Na manhã seguinte, na banca da esquina, jornais e revistas estampando as fotos da tragédia me fizeram lembrar de Kobe 1995.

Ver um terremoto na mídia é impactante, mas senti-lo, mesmo estando a 400 quilômetros (distância que estava de Kobe na época), faz com que muitos reflitam sobre sua sobrevivência. Ainda mais, se for um de magnitude acima de 7 (Escala Richter). Até você sentir o primeiro abalo sísmico forte, sua vida corre de forma habitual, como no Brasil, onde nos prevenimos apenas dos humanos.

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Quando aconteceu o terremoto de Kobe em 1995, a minha intenção era ficar mais tempo no Japão, pois a economia no arquipélago ia bem. Já havia sentido vários tremores no país, pois vivia próximo a Tokyo, e por lá os pequenos (e rápidos) abalos são frequentes. Porém, aquele foi mais demorado, e quando o chão treme por mais de 2 segundos, o primeiro pensamento é: “não vai parar?”.

Um terremoto como aquele, em que centenas de pessoas perderam suas vidas, abala todas as estruturas, físicas e emocionais. As físicas são reconstruídas. Quem visita Kobe hoje nem imagina que lá aconteceu um desastre de enorme proporção. Mas quem estava perto, ou mesmo a 400 km de distância, não esquece mais do que aconteceu.

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Talvez por isso, quando ocorreu a tragédia de Tohoku, apesar de ter sido muito mais devastador, meu emocional foi menos abalado. Não era algo novo. Já havia me informado mais sobre o assunto, depois do tsunami em Sumatra 2004, do terremoto no Haiti e do Chile em 2010.

Em 2010, o Japão tinha algumas campanhas de conscientização para a população estrangeira, incluindo avisos e informações em português. A cidade de Toyota (onde há uma das maiores concentrações de brasileiros) tem uma página com a lista de abrigos em caso de desastres naturais. O Governo de Aichi também tem página em português explicando detalhes sobre o assunto. Porém, as páginas são difíceis de ser encontradas nas pesquisas.

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Quando não se tem informações e acontece algo inesperado, o pânico toma conta da maioria das pessoas, e na busca por notícias na internet, as páginas que aparecem são, na maioria, negativas. Acredito que muitos sentiram em março de 2011 o impacto emocional pela primeira vez. O apelo dos familiares, pouco informados no Brasil, também pode ter contribuído para que uma boa parcela dos brasileiros voltasse ao país natal devido ao pânico gerado.

O meu pensamento, até o dia 11 de março de 2011, era de que o Japão, apesar da alta taxa de desastres naturais, continuava sendo um país seguro para viver. Pois a prevenção aos desastres é vista em todos os lugares possíveis de ocorrer algum sismo ou tsunami. O tema é discutido pela mídia, escolas, empresas, governo e população.

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Mas até então, não se sabia que o setor de energia, que é essencial para reconstruir e produzir algo nos dias atuais, não estava preparado, e muito menos, que as prevenções do setor de energia nuclear estavam sendo mal administradas. Adicione a isso a supervalorização do yen frente ao dólar e a enorme dívida pública interna, viver no Japão passa a ser uma luta pela sobrevivência.

A partir deste novo ano fiscal, que começa em abril no Japão e que começou no Brasil após o carnaval, os brasileiros (Transnacionais) que vivem no arquipélago talvez busquem muito mais informações para decidir se retornam ao país natal vislumbrados pelo crescimento (Copa e Olimpíadas) seguros pelas riquezas naturais, ou continuam a lutar na terra dos samurais, onde a riqueza é obtida com a utilização da energia escassa e a reconstrução depende do trabalho temporário de certos conterrâneos, que produzem em linhas de montagens, partes daquelas casas temporárias que foram enviadas para Fukushima, onde alguns desabrigados do tsunami estão morando até hoje.

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