Mar radioativo

247 (com agências internacionais) - Nada menos que 11,5 mil toneladas de água radioativa, procedente da central nuclear de Fukushima, começarão a ser lançadas no Oceano Pacífico a partir da terça-feira 5, pela manhã. A água contém um grau de radiação cem vezes maior do que o limite legal permitido para despejo. A informação é da Tokio Eletric Power (Tepco), empresa proprietária e administradora das usinas nucleares atingidas pelo terremoto seguido de tsunami em 11 de março. Segundo o diário japonês Yomiuri, 10 mil toneladas de água contaminada sairão de depósitos especiais da central nuclear, enquanto outras 1,5 mil toneladas ainda se encontram dentro dos reatores 5 e 6. O objetivo do despejo, de acordo com uma fonte da Tepco, é obter espaço para que uma quantidade ainda superior de água radioativa possa ser armazenada internamente. Essa água, atualmente, inunda os reatores 1, 2 e 3 e cria dificuldades para o trabalho de resfriamento.

Em Viena, o diretor geral da Organização Internacional de Energia Atômica da ONU, Yukuya Amano, afirmou que a empresa proprietária da central nuclear de Fukushima “não tomou medidas suficientes para evitar o acidente”. Ele lembrou que a Tepco já sofrera um acidente semelhante com sua central nuclear de Kashiwazaki, no noroeste do Japão, que se incendiou e teve vazamentos de substâncias radioativas e água contaminada, em razão de um terremoto de magnitude 6,8. Apesar disso, a empresa não teria tomado medidas para reforçar sua planta nuclear de Fukushima, desenhada para resistir a terremotos de até 6, 5 graus de magnitude, muito inferior aos 9 graus registrados em 11 de março. O governo do Japão admitiu que a radiação deverá continuar escapando da central de Fukushima pelos próximos meses. “Não superamos a crise, mas, de certo modo, a situação está estabilizada”, disse Goshi Hosono, conselheiro do primeiro-ministro Naoto Kan, pela televisão do país. “Esta vai ser uma batalha longa”.

É certo que crescem as críticas no Japão contra a Tepco. A empresa anunciou nesta segunda-feira 4 que encontrou quatro cadáveres de funcionários da usina no sótão do reator 4. Acrescentou, porém, que os corpos foram achados na terça-feira da semana passada, mas que a companhia não informou a descoberta para poupar os familiares das vítimas. Uma das principais críticas que se fazem à empresa é a da falta de transparência.