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Mianmar realiza primeira eleição desde o golpe militar

Eleitores votam sob tensão após anos de conflito e instabilidade

Funcionários da Comissão Eleitoral se preparam em uma seção eleitoral dentro de uma escola, antes das eleições gerais, no município de Thingangyun, Yangon, Mianmar, em 27 de dezembro de 2025 (Foto: REUTERS/Stringer)

247 – Os eleitores de Mianmar votaram neste domingo (28) em uma eleição geral — a primeira em cinco anos, desde o golpe militar de 2021 que derrubou o último governo civil do país. O pleito abrange um total de 692 circunscrições em todo o território nacional.

Cerca de 5.000 candidatos, vinculados a 57 partidos políticos, disputam cadeiras no Pyithu Hluttaw (Câmara Baixa), no Amyotha Hluttaw (Câmara Alta) e nos Hluttaws Estaduais e Regionais (Parlamentos Estaduais e Regionais). A votação definirá os integrantes do Parlamento da União — formado pelas duas Casas — e dos parlamentos regionais. Na sequência, o novo Parlamento da União será responsável por eleger o próximo presidente, que deverá formar o novo Governo da União.

Após a abertura das urnas, o Partido União Solidariedade e Desenvolvimento (USDP, na sigla em inglês), apoiado pela junta militar, era considerado na imprensa internacional favorito para vencer as eleições. A legenda, alinhada aos militares, é liderada por generais aposentados e lançou cerca de um quinto de todos os candidatos, em um cenário marcado por concorrência severamente reduzida.

O processo eleitoral ocorre em meio a uma guerra civil que devastou amplas regiões do país e aprofundou uma das mais graves crises humanitárias da Ásia. Já considerado um dos países mais pobres do Sudeste Asiático, Mianmar foi duramente afetado pelo conflito iniciado após o golpe de 2021, que depôs o governo civil eleito liderado pela vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi.

A crise se intensificou depois que os militares retomaram o poder em fevereiro de 2021, encerrando uma década de governo civil. A mudança desencadeou um amplo movimento antigovernamental, que acabou recorrendo à luta armada após o fracasso de protestos de massa nas ruas. Além da oposição política armada, o conflito passou a envolver diversos grupos armados étnicos que se alinharam aos rebeldes — organizações que já haviam combatido o governo central de Mianmar em uma longa guerra civil entre 1949 e meados da década de 1990.

Às vésperas das eleições, a junta militar intensificou operações em áreas controladas por rebeldes, realizando uma série de ataques que resultaram na morte de dezenas de pessoas.

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