Ministra da Cultura de Israel veta verba para críticos do governo
A ministra da Cultura e do Esporte de Israel, Miri Regev, do partido Likud, tem provocado muitas polêmicas e não para de trocar farpas com os artistas desde que assumiu a pasta, em maio; ex-porta-voz do Exército israelense que entrou para a política em 2008 para se tornar um dos expoentes do partido hoje no governo, a ministra tomou posse ameaçando suspender verbas públicas a artistas ou grupos que critiquem Israel ou se recusem a se apresentar em colônias na Cisjordânia ocupada; ela já congelou financiamentos e mudou programação de eventos; "O governo não precisa apoiar a cultura. Eu posso decidir para onde o dinheiro vai. Os artistas não vão ditar isso", diz
247 - A ministra da Cultura e do Esporte de Israel, Miri Regev, do partido Likud, não para de trocar farpas com os artistas desde que assumiu a pasta, em maio. Ex-porta-voz do Exército israelense que entrou para a política em 2008 para se tornar um dos expoentes do partido hoje no governo, a ministra tomou posse ameaçando suspender verbas públicas a artistas ou grupos que critiquem Israel ou se recusem a se apresentar em colônias na Cisjordânia ocupada.
Uma de suas primeiras ações foi congelar o financiamento ao teatro árabe-israelense Al-Midan, de Haifa, por causa da montagem da peça "O Tempo Paralelo", sobre um palestino que assassinou um soldado israelense.
Ela também pressionou a direção do Festival de Cinema de Jerusalém a retirar da mostra oficial o documentário "Além do Medo", sobre o colono judeu Yigal Amir, que assassinou o ex-premiê Yitzhak Rabin, em 1995.
Por fim, ameaçou cortar verbas para o grupo teatral infantil Elmina porque seu diretor, o árabe-israelense Norma Issa, disse que boicotaria uma apresentação em uma colônia da Cisjordânia.
As medidas contrariaram boa parte da classe artística, identificada com a esquerda e preocupada com os rumos do novo governo do premiê Binyamin Netanyahu, formado apenas por partidos de direita e extrema direita.
"O governo não precisa apoiar a cultura. Eu posso decidir para onde o dinheiro vai. Os artistas não vão ditar isso", disse Regev num evento.
"Nós (Likud) recebemos 30 cadeiras; vocês, só 20", afirmou a ministra aludindo à divisão das 120 vagas no Knesset (o Parlamento de Israel), onde o segundo colocado, a sigla de esquerda Campo Sionista, tem 24 assentos.
Ela tem sido alvo de muitas críticas. "Impor uma cultura condescendente sempre foi característica de regimes despóticos que buscaram subverter a liberdade artística para transmitir mensagens nacionalistas e, por vezes, racistas", criticou o jornal israelense "Haaretz" em editorial.
"Imagino que seu mundo seja silencioso, sem livros, música ou poemas. Um mundo no qual ninguém a incomode e ninguém impeça a nação de celebrar 30 cadeiras, que serão seguidas por um rebanho de ruminantes", discursou o ator Oded Kotler.
A ministra é popular no Likud, sobretudo entre judeus originários de países árabes (mizrahim), que se sentem oprimidos pelos ashkenazim, oriundos da Europa e dominantes na cena política e cultural.
Em entrevista a uma revista feminina, Regev desdenhou sua pasta, dizendo que queria a do Bem-Estar Social: "Eu sabia que o mundo da cultura era ingrato. Não tenho vontade de trabalhar para essa gente enjoada e hipócrita, que pensa saber tudo".
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