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Mito de Joana D'arc domina a política francesa

A donzela de Orlans completaria em maio 600 anos, mas a direita francesa j comeouas comemoraes para fisgar os eleitores mais conservadores; Sarkozy aposta no mito para se reeleger; leia reportagem especial de Roberta Namour

Mito de Joana D'arc domina a política francesa (Foto: Divulgação)

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Roberta Namour, correspondente do 247 em Paris - Em época de eleição, datas comemorativas, principalmente de heróis nacionais, são exploradas à exaustão. Sem esperar o mês de maio, políticos aproveitam este fim de semana para homenagear os 600 anos do nascimento de Jeanne d'Arc.

Dois candidatos à eleição presidencial disputam essa figura histórica que teve uma vida tão curta, de apenas 19 anos, mas tão memorável. Nicolas Sarkozy larga na frente com comemorações no Vosges. A 105 dias da eleição presidencial, essa será uma oportunidade para se aproximar dos eleitores mais conservadores da França. Sábado foi a vez de Marine Le Pen ir ao pé da estátua de Joana d'Arc, em Paris.

Para o analista Gael Sliman (BVA), a peregrinação é uma maneira de se inscrever na tradição de Charles de Gaulle, Valéry Giscard d'Estaing, François Mitterrand e Jacques Chirac. Todos se inclinaram para o culto da menina camponesa analfabeta, nascida 06 de janeiro de 1412 em Domrémy, que lançou de Vaucouleurs, em 1429, sua cruzada para expulsar os ingleses do reino da França e assim ajudou a mudar o curso da Guerra dos Cem Anos.

Na primavera de 1430, Joana d'Arc retomou a campanha militar para tentar libertar a cidade de Compiège, onde acabou sendo dominada e capturada pelos borguinhões, aliados dos ingleses. Joana foi queimada viva em 30 de maio de 1431. Suas cinzas foram jogadas no rio Sena, para que não se tornassem objeto de veneração pública.

Para Gael Sliman, o desejo de Nicolas Sarkozy de exaltar a "França eterna" é parte de uma nova estratégia de imagem que visa ofuscar a do presidente moderno, que quebra paradigmas, reivindicada no início de sua gestão.

Alguns integrantes da esquerda agora lamentam que o monopólio da comemoração de Joana d'Arc tenha se tornado de direita. No final do século XIX, o historiador Jules Michelet fez da camponesa “queimada pelo fanatismo religioso" uma heroína republicana e uma santa laica. Jean Jaures, uma figura do socialismo francês, também a celebrou em seu discurso sobre "internacionalismo e patriotismo".

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