Na Europa, pontes custam menos que brasileiras

Roberta Namour_ correspondente do 247 em Paris - Os europeus são amantes de grandes monumentos e construções. Não é de se admirar, assim, que o continente possua o mais alto viaduto do mundo, o Viaduc de Millau. Localizado no departamento de Aveyron, na França, ele possui 2,46 quilômetros e 270 metros de altura no ponto mais alto, com ventos que podem chegar a 200 km/h. Importante elo de ligação da estrada A75 entre as cidades de Clermont-Ferrand e Béziers, esse projeto levou treze anos de estudos técnicos e financeiros, mas apenas três anos para ser construído. A estrutura foi desenhada pelo arquiteto Norman Foster e seu custo total foi de 400 milhões de euros – ou R$ 383 milhões por quilômetro. O valor é R$ 17 milhões a menos do que o custo inicial estimado para cada quilômetro da ponte do rio Guaíba, em Porto Alegre, com 2,9 quilômetros.

A construção do viaduto francês despertou o interesse de diversos países, tanto no plano técnico quanto na montagem da operação. O ministro chinês dos transportes visitou a obra no primeiro ano da sua inauguração. O gabinete do então governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, que planejava construir uma ponte na baía de São Francisco, pediu conselhos à prefeitura de Millau.

Ainda na França, a ponte da Normandia é um outro bom exemplo da expertise europeia em construções do tipo. A ponte estaiada liga a cidade Havre à Honfleur. Sua extensão é de 2,14 quilômetros e 214,7 metros de altura. Projetada por Michel Virlogeux, ela levou sete anos para ser feita, de 1988 a 1995. O custo total da obra foi de 233 milhões de euros – quase a metade do valor da Millau.

O rio Danúbio ganhou recentemente uma nova ponte. No dia 14 de maio de 2007, o primeiro-ministro búlgaro colocou a primeira pedra na construção que liga a Romênia e a Bulgária. Com uma extensão de 2 quilômetros, a obra consumiu 116 milhões de euros de fundos da União Europeia – ou o equivalente a R$ 133,4 milhões por quilômetro, 2,3 vezes mais do que o custo da ponte de 42 quilômetros de extensão sobre a baía de Jiaodhou, com preço final de R$ 2,4 bilhões. Todas elas, porém, tem um ponto em comum: são sempre mais baratas que as brasileiras.