Na ONU, presidente de Gana reivindica reparações pela escravidão
"Reparações devem ser pagas pelo tráfico negreiro", disse Akufo-Addo
Sputnik Brasil - O presidente de Gana, Nana Akufo-Addo, afirmou que as nações participantes do tráfico de escravos deveriam pagar reparações financeiras aos países africanos. A fala foi feita durante seu discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira (20).
"Reparações devem ser pagas pelo tráfico negreiro", disse Akufo-Addo. Gana, assim como outros países da costa oeste africana, foram as principais fontes da mão de obra escrava do chamado Comércio Triangular, que viu o tráfico de aproximadamente 12 milhões de africanos para a América.
As falas do presidente foram parte de um discurso maior sobre o impacto econômico do tráfico transatlântico e da exploração colonial no desenvolvimento da Europa e dos Estados Unidos. Para Akufo-Addo, está ocorrendo uma mudança na visão mundial sobre o assunto. No passado, os países teriam evitado encarar e discutir as consequências atuais do comércio de escravizados.
"É verdade que as gerações atuais não são as que se envolveram no comércio de escravos, mas esse grande empreendimento desumano foi patrocinado e deliberado pelo Estado e os seus benefícios estão claramente entrelaçados com a arquitetura econômica atual."
Essa não é a primeira vez que o presidente ganês reivindica reparações. No ano passado, Akufo-Addo questionou os dois pesos e duas medidas utilizados pelos países na hora de debater a questão.
"Os nativos americanos receberam e continuam a receber reparações; famílias nipo-americanas, que foram encarceradas em campos de internamento na América durante a Segunda Guerra Mundial, receberam reparações. O povo judeu, seis milhões dos quais morreram nos campos de concentração da Alemanha hitlerista, recebeu reparações", afirmou na época.
"Os efeitos do comércio de escravos foram devastadores para o continente africano e para sua diáspora, com todo o período de escravidão sufocando o progresso econômico, cultural e psicológico do continente", analisou o presidente.
