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Nada tenho a esconder, diz Sean Penn sobre El Chapo

Ator norte-americano disse não ter visto espiões durante o período em que esteve com o narcotraficante, mas presumiu que fosse monitorado; a entrevista feita pelo astro auxiliou na recaptura do líder do cartel de Sinaloa, o megatraficante Joaquín “El Chapo” Guzmán, após seis meses foragido; Uma fonte do governo do México disse que as autoridades mexicanas querem interrogar Sean Penn e a atriz Kate del Castillo sobre o encontro com Guzmán em outubro; negociação para entrevista será investigada pelos EUA

Ator norte-americano disse não ter visto espiões durante o período em que esteve com o narcotraficante, mas presumiu que fosse monitorado; a entrevista feita pelo astro auxiliou na recaptura do líder do cartel de Sinaloa, o megatraficante Joaquín “El Chapo” Guzmán, após seis meses foragido; Uma fonte do governo do México disse que as autoridades mexicanas querem interrogar Sean Penn e a atriz Kate del Castillo sobre o encontro com Guzmán em outubro; negociação para entrevista será investigada pelos EUA (Foto: Realle Palazzo-Martini)

247 - O ator Sean Penn disse que não tem nada a esconder sobre sua entrevista com o líder do cartel de Sinaloa, Joaquín “El Chapo” Guzmán, recapturado na sexta-­feira (8) após seis meses foragido. A entrevista, segundo autoridades mexicanas, ajudou na captura do traficante.

Em artigo publicado sábado na revista Rolling Stone, Penn relembrou um longo encontro com Guzmán. O traficante queria realizar uma cinebiografia de sua história, segundo o artigo do ator. O encontro, de acordo com a imprensa mexicana, foi intermediado pela atriz Kate del Castillo, que teria mantido contato com os advogados do narcotraficante.

Já o diário El Universal publicou dez fotos de Penn, que aparentemente estava sendo monitorado desde que chegou ao México. Os contatos da atriz com os representantes de Guzmán também eram monitorados pela polícia mexicana. Ela preferiu não comentar o assunto.

Uma fonte do governo do México disse que as autoridades mexicanas querem interrogar Sean Penn e a atriz Kate del Castillo sobre o encontro com Guzmán em outubro. Uma segunda fonte do governo disse ainda que não está claro se os atores cometeram um crime.

Na entrevista, Guzmán reconheceu sua atividade criminosa: “Eu forneço mais heroína, metanfetaminas, cocaína e maconha do que qualquer um no mundo”, disse. “Eu tenho uma frota de submarinos, aeronaves, caminhões e barcos”, acrescentou.

Negociação de Sean Penn com "El Chapo" para entrevista será investigada pelos EUA

Por Mica Rosenberg e Mark Hosenball

NOVA YORK/WASHINGTON (Reuters) - Investigadores dos Estados Unidos irão analisar as interações do ator Sean Penn com Joaquín "El Chapo" Guzmán, disseram duas fontes do governo norte-americano, mas não está claro se os promotores tentarão forçar o ator a entregar informações sobre sua entrevista com o traficante recapturado pela polícia mexicana.

De acordo com uma fonte do governo norte-americano, que pediu anonimato pois não está autorizada a falar publicamente sobre o caso, o México está pressionando o governo dos EUA –que solicitou a extradição de Guzmán– para obter mais informações sobre a relação de Penn com o chefe do cartel de Sinaloa.

A revista Rolling Stone apressou a publicação de uma reportagem assinada por Penn para sábado passado, após autoridades mexicanas capturarem Guzmán em uma incursão dramática, finalizando uma caçada humana que durou meses, iniciada após a fuga do traficante de uma prisão de segurança máxima em julho.

Acredita-se que a única entrevista que o traficante concedeu nas últimas décadas tenha sido negociada com a ajuda da estrela mexicana de televisão Kate del Castillo.

A Procuradoria-Geral do México disse na segunda-feira que seu escritório tem uma linha aberta de investigação para a reunião de Penn com Guzmán, afirmando que o encontro entre ambos -descoberto pela vigilância mexicana- foi um elemento "essencial" para a prisão do traficante.

Se as autoridades norte-americanas, em última análise, intimarem Penn ou desejarem que ele testemunhe contra Guzmán, seria difícil forçá-lo a revelar fatos além da entrevista publicada, uma vez que ele poderia invocar "privilégio jornalístico", que em alguns casos protege os repórteres de divulgarem informações sobre seu trabalho, afirmaram advogados especialistas em mídia dos EUA.

Fontes do governo norte-americano não puderam confirmar se Penn será ou não intimado. O pedido de extradição de Guzmán para os Estados Unidos visando enfrentar acusações federais ainda está em estágio inicial e, segundo o México, esse processo pode levar anos.

Representantes de Penn não quiseram comentar o caso. O ator disse à Associated Press, em uma breve conversa por e-mail, que ele não tem "nada a esconder".

Além de exigir o testemunho de Penn ou que ele entregue informações, seria extremamente improvável que as autoridades norte-americanas tivessem motivos para acusar Penn criminalmente, afirmam fontes.

A menos que Penn tenha, de alguma forma, ajudado e encorajado Guzmán, o premiado ator não teria o dever de divulgar às autoridades que estava falando com um fugitivo, afirmaram especialistas legais.

(Reportagem adicional de Julia Edwards em Washington)