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Nicolelis: Europa não consegue vislumbrar a velocidade com que o Brasil mergulhou no caos

O cientista Miguel Nicolelis falou à TV 247 sobre a imagem do Brasil no exterior em meio à comunidade científica; “Quando eu vou falar as pessoas me tratam no começo da palestra como se eu tivesse perdido um parente”, contou; assista

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247 - O renomado cientista da área de neurociêcnia Miguel Nicolelis conversou com a TV 247 e comentou sobre a imagem do Brasil em meio à comunidade científica internacional. Segundo ele, cientistas estrangeiros ficam “estupefatos” pelo atual cenário da ciência brasileira. Nicolelis também falou sobre os ataques do governo do presidente Jair Bolsonaro, juntamente com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, ao sistema universitário federal, soberania nacional e pesquisas científicas no Brasil.

Miguel Nicolelis lembrou como era a imagem brasileira no exterior no período em que os ex-presidentes Lula e Dilma estavam à frente do país. “Durante o período de 2002 a 2014 o Brasil se transformou em um modelo de utopia democrática, as pessoas achavam, na Europa e na Ásia, onde vou muito frequentemente, que o Brasil estava construindo um modelo democrático novo, era algo orgânico, que estava sendo construído de baixo para cima e que incluía a inclusão científica nesse modelo”.

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O cientista relatou que os cientistas internacionais hoje ficam assustados com o caos em que o país está inserido. “Hoje a comunidade científica européia está absolutamente estupefata, os pesquisadores não acreditam no que está acontecendo aqui, eles não conseguem vislumbrar a velocidade com que o sistema mergulhou nesse caos e o grau de obscurantismo que esse caos traz para a ciência brasileira. Quando eu vou falar as pessoas me tratam no começo da palestra como se eu tivesse perdido um parente, um familiar, como se eu estivesse em um velório porque elas sabem que eu sou do Brasil e elas se solidarizam das maneiras mais incríveis”.

Nicolelis afirmou que o sistema de universidades federais brasileiras é um dos maiores do mundo e o comparou com universidades norte-americanas. “O sistema público federal universitário brasileiro é um dos maiores do mundo, os Estados Unidos não têm um sistema federal, têm uma grande rede privada de alta qualidade e universidades estaduais, elas não formam uma rede federal com normas, práticas e sistema de gestão federalizado, com todo um acesso inclusive da população que teve a oportunidade de ir para a universidade pela primeira vez”.

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Ele também ressaltou que mais de 90% da produção científica do país são produzidos dentro das universidades federais e que, ao apertar o orçamento destas instituições, compromete-se o futuro do Brasil. “Outra verdade que é omitida no Brasil é que esse sistema responde por mais de 90% da produção científica de ponta no Brasil, se você aniquilar, asfixiar esse sistema você não só compromete a Educação Superior, a formação de capital humano, mas você aniquila a produção de ciência básica, que é o fluxo central de qualquer produção científica em qualquer país, não existe ciência aplicada sem ciência pura porque as empresas não investem em ciência pura. Quando você começa a confrontar de uma maneira grotesca e asfixiar financeiramente os orçamentos dessas universidades você está comprometendo o futuro do país”.

Miguel Nicolelis lembrou ainda a importância do programa Ciências Sem Fronteiras, iniciativa do governo da presidente Dilma Rousseff, para a colocação do Brasil no mapa da produção científica global. “O Brasil é um dos players do mercado científico mundial, a posição do Brasil em número de publicação de trabalhos, por exemplo o Ciências Sem Fronteiras, que levou 108 mil jovens cientistas do Brasil para o exterior. Nenhum outro país do mundo, nem mesmo a China, organizou um programa estatal dessa magnitude. Naquele momento o Brasil começou a galgar posições a ponto de chegar na décima segunda posição mundial de produção científica. O que as pessoas não sabem é que o grau de excelência brasileira é tal que na área de moléstias tropicais, por exemplo, o Brasil tem 20% da produção mundial, nós somos o primeiro mundo da ciência tropical do planeta”.

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O cientista opinou também sobre a importância da ciência para a soberania nacional e comparou os orçamentos para a área no Brasil e em grandes potências como China e Estados Unidos. “O orçamento de ciência e tecnologia brasileira caiu para o nível mais baixo dos últimos 20 anos, deve estar na ordem de R$ 2,5 bilhões, ele chegou a ter de R$ 5 bi a R$ 6 bi no pico de 2013. Estava olhando os dados americanos e chineses, a China, em 2020, vai passar pela primeira vez na história o orçamento público em ciência dos Estados Unidos. O orçamento anual da China em ciência e tecnologia é de US$ 140 bilhões, é 100 vezes o valor do pico do investimento brasileiro de 2013. O investimento americano é de US$ 131 bilhões por ano, mas pela primeira vez o Estados Unidos deixa de ter um terço do PIB científico mundial e entrega isso para a China. A comunidade científica americana está em polvorosa porque, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, a soberania tecnológica do mundo pode estar se mudando para a Ásia”.

Ele ainda complementou dizendo que o Brasil se encaminha para a perda de sua soberania. “Em um mundo moderno, se uma nação não domina as tecnologias de ponta que estão ligadas a soberania econômica, ao domínio do tráfego de informação e a formação de capital humano necessário para a gestão de uma economia moderna, essa nação deixa de ser soberana. O caminho que o Brasil está trilhando é esse”.

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Apesar do cenário crítico do país, o cientista ponderou que a ciência permite que países atrasados possam se reerguer. “Essa história de que países atrasados não podem se recuperar é balela. A ciência, diferente de outras atividades humanas, é capaz de pular estágios, você não precisa seguir uma reta de desenvolvimento, você pode seguir um modelo não linear. Ou seja, em vez de desenvolver o telefone fixo você pode pular direto para desenvolver o telefone celular, uma vez que a tecnologia é disponível”.

Inscreva-se na TV 247 e assista à entrevista na íntegra:

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