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Mundo

O mundo não ficou mais seguro

Morte de Bin Laden não prejudica operações terroristas e vingança gera vingança

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O terrorismo é condenável em todos os seus aspectos e não pode ser aceito como método de luta, seja para conquistar a independência nacional, seja para derrubar um sistema político ou um governo, seja para o que for. O terrorismo deve ser combatido militarmente e condenado politicamente. Terrorismo nunca foi tática de luta para a esquerda revolucionária, ao contrário do que alguns pensam ou querem fazer pensar.

O mundo aplaude a morte de Osama bin Laden, numa reação natural diante dos crimes por ele cometidos, entre os quais a derrubada das torres gêmeas em Nova York. O alívio não só de estadunidenses, mas de dirigentes e povos de vários países, seria de se esperar, pois os atos terroristas promovidos pelo líder da Al-Qaeda poderiam se manifestar em qualquer canto da Terra.

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Bin Laden foi terrorista e assassino, e as pessoas gostam de ver mortos os terroristas e assassinos. Dirigentes de países que se sentiam ameaçados por ele e por sua organização também ficam mais tranquilos com sua morte. O clima emocional nos Estados Unidos e em várias nações, com manifestações de euforia e alegria, também não pode ser criticado. Principalmente por parte dos que tiveram parentes e amigos mortos nos atentados executados pela Al-Qaeda. O sentimento de vingança é humano.

Mas quando se fala em política internacional e em políticas de Estado, a conversa não pode ser essa. Vingança não é Justiça, pelo menos onde impera a lei. A responsabilidade dos que dirigem os Estados nacionais e os organismos internacionais exige mais racionalidade ao se analisar o que houve de fato neste episódio e evitar que o clima emocional mais próprio às multidões encubra os pontos negativos. Essa responsabilidade deveria ser cobrada também da imprensa, mas aí seria pedir demais. Hoje, a notícia tem de ser o espetáculo e danem-se os fatos.

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Terrorismo não pode ser combatido com terrorismo. Nem com a violação da lei internacional. Licença para matar é um recurso charmoso em filmes de James Bond, mas é profundamente nocivo nas relações internacionais e na luta contra o terrorismo. Assassinar, quando é possível prender, coloca o assassino quase no nível do terrorista. Os Estados não precisam de justiceiros.

Uma análise à parte do clima de oba-oba criado com o anúncio da morte de Bin Laden mostra algumas evidências que têm de ser consideradas:

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1 – Os Estados Unidos executaram a ação em território do Paquistão sem sequer comunicar o fato às autoridades daquele país. Podem alegar que não confiam nos dirigentes paquistaneses, e têm até razão para isso, mas o Paquistão é um país soberano. Se os Estados Unidos não o consideram assim, tomem logo o poder em Islamabad.

2 – Os comandos estadunidenses já foram para a ação com ordem de matar Bin Laden, quando, pela força superior que detinham, poderiam ter tentado prendê-lo. Claro que se a resistência fosse muito forte e não houvesse alternativa, matar o líder da Al-Qaeda seria inevitável. Mas não há, pelo menos até agora, nada que documente a ação estadunidense, quando se sabe que provavelmente foi filmada e fotografada, hoje uma prática fácil e rotineira. E ninguém viu o corpo de Bin Laden, não se sabe como ficou após o tiroteio.

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3 – O corpo foi, segundo se diz, jogado ao mar de acordo com rituais islâmicos. Tudo indica que a solução foi dada para evitar que o corpo fosse visto e o local de sepultamento fosse ponto de peregrinação. Mas autoridades islâmicas negam que jogar ao mar seja prática da sua religião. E, no fundo, alguém acredita mesmo que militares estadunidenses e a CIA iriam se preocupar em cumprir rituais islâmicos?

Muitas informações verdadeiras e falsas ainda surgirão nas próximas horas e nos próximos dias, mas talvez não respondam a algumas dúvidas e perguntas. É difícil acreditar, por exemplo, que depois de um tiroteio de 40 minutos só terroristas tenham sido mortos, tendo todos os agentes estadunidenses saído ilesos. Se foi assim, dá quase para apostar: não houve troca de tiros, mas tiros de um lado só.

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A versão de que uma mulher foi usada como escudo por Bin Laden pode até ser verdadeira, mas parece construída para derrubar ainda mais a imagem do líder terrorista, especialmente diante dos muçulmanos. A versão deveria ser comprovada pelas fotos, ou filmes.

Não é difícil também imaginar porque as autoridades estadunidenses preferiam Bin Laden morto. Tem um lado óbvio, não seria confortável nem seguro mantê-lo preso, ainda que em Guantánamo ou nas inúmeras prisões secretas da CIA em vários países do mundo, muito menos levá-lo a julgamento. Mantê-lo preso no suspeito Paquistão, nem pensar.

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Mas há mais: Osama Bin Laden foi formado e treinado pelos Estados Unidos para combater os soviéticos no Afeganistão. Era homem de confiança de Washington. Certamente sabia muitas coisas que, se reveladas, poderiam deixar mal o governo e ex-dirigentes estadunidenses. Um julgamento seria a ocasião ideal para isso.

O mundo não ficou mais seguro com a morte de Bin Laden e os dirigentes dos Estados Unidos e de outros países sabem disso. O líder terrorista provavelmente tinha poucas possibilidades de agir efetivamente e seu grupo, com seus aliados, funciona com células espalhadas em vários países e com lideranças próprias. A mesma capacidade operacional que tinha com Bin Laden vivo, continua tendo com ele morto. Não é grande, provavelmente, mas é perigosa exatamente por não se impor limites. E todos sabem que vingança gera vingança.

Por outro lado, não é seguro um mundo em que a legislação internacional é desprezada, soberanias nacionais são violadas impunemente e assassinatos são permitidos oficialmente. Para combater o terrorismo, há formas mais legítimas. Se os dois lados se igualam, ganha o terrorismo.

Terrorismo de Estado

É óbvio que o objetivo da Otan, ao atacar uma residência da família de Kadafi, era atingi-lo e, de preferência, matá-lo. Ele escapou, mas morreram um filho e três netos. Não foi esse mandato que o Conselho de Segurança da ONU deu à Otan. Foi de estabelecer uma zona de exclusão aérea para defender civis de ataques do governo líbio. Poucos ainda se lembram disso.

Em linguagem clara, o nome disso é terrorismo de Estado. De Estado, mas terrorismo.

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