O parque que pode valer muito
O primeiro-ministro turco, Recep Erdogan, que sempre esteve ao lado da oposição síria, não crê que sua vez na "Primavera" tenha chegado
No país muçulmano mais democrático (teoricamente), os ecos da Primavera Árabe chegaram. Por lá, o movimento virou "Primavera Turca".
A Turquia já está em seu sexto dia de violentos protestos. Até agora são dois mortos e mais de mil feridos. E não parece que a intensidade das manifestações vai diminuir no curto prazo.
O caso de Ancara é interessante. Tem no poder desde 2002 o premiê Recep Erdogan, que deu novo dinamismo econômico à nação. Hoje, a maioria dos fóruns relevantes internacionais tem a presença da Turquia. No campo diplomático o país também se fortaleceu depois de anos de ostracismo.
Como nem tudo é perfeito, o primeiro-ministro sempre mostrou grande "apego" ao poder. A oposição o acusou frequentemente de tentar "islamizar" a sociedade turca, altamente secular depois do governo do general Ataturk, no início do século passado.
Mesmo com força política, a população nunca aprovou certos deslizes de Erdogan, como mudanças na Constituição que quis fazer e a recente lei aprovada que proíbe a venda e propaganda de bebida alcoólica.
A insatisfação, sempre existente, estava controlada até o episódio do Parque Gezi. O local é praticamente a última área verde de Istambul, berço político de Erdogan (foi prefeito de 94 a 98). Qual o desejo do premiê? Acabar com tudo e construir uma réplica de um abrigo militar da época do Império Otomano (sua grande paixão) e erguer um imenso shopping.
Os protestos locais ganharam força no país à medida que a polícia passou a reprimir com "exagerado entusiasmo" as manifestações.
Do lado oficialista, spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo. Da parte "rebelde", barricadas, queima de lixo e bloqueio de ruas. O cenário perfeito para a desordem.
Recep, que sempre esteve ao lado da oposição síria, não crê que sua vez na "Primavera" tenha chegado. A CNN informou que 67 das 81 províncias do país registram protestos. Se não houver diálogo, a tensão só vai crescer e deixar região ainda mais instável.
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