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      O rei que mata elefantes

      Os espanhóis podem ser os próximos gregos, como todos sabemos. Estão quebrados. Enquanto isso, o Rei João Carlos vai matar elefantes na África

      Paulo Nogueira avatar
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      (este artigo foi publicado originalmente no blog Diário do Centro do Mundo)

      Os espanhóis podem ser os próximos gregos, como todos sabemos. Estão quebrados. O governo pede sacrifícios ao povo para atender às exigências da Troika – o triunvirato que na prática manda na Europa nestes dias. A saber: o Banco Central Europeu, a União Europeia – estes dois dominados pela Alemanha, a exceção pujante numa Europa economicamente de joelhos – e o Fundo Monetário Internacional. Os espanhóis entendem que já se sacrificaram – um em cada dois jovens está desempregado. E surge a versão espanhola dos 99% do movimento Ocupe Wall Street, os Indignados.

      Enquanto isso, no Planeta Milhão …

      Bem, o Rei João Carlos vai matar elefantes na África. Secretamente. A informação vazou apenas porque, numa espécie de justiça poética, o rei levou um tombo e quebrou a bacia.

      O que leva a Espanha a manter um rei? Mais ainda: um rei que caça elefantes numa crise torrencial? Num pequeno livro clássico do século 17, Tratado da Servidão Voluntária, o escritor francês Etienne de La Boétie disse que a sociedade é culpada pelos absurdos de seus governantes por aturá-los. Se João Carlos é rei, é porque os espanhóis deixam, numa servidão voluntária.

      Há momentos, na história, em que o Planeta Milhão se descola grotescamente da vida dos demais. Na Inglaterra do século 17 e na França do século 18, isso terminou com reis sem cabeça, Carlos I e Luís 16, respectivamente.

      Mais uma vez, o Planeta Milhão está tão longe quanto poderia estar do mundo real. A caçada extemporânea do rei João Carlos é apenas um símbolo disso. Há muitos outros. Basicamente, o que se vê é uma luta insana — e potencialmente suicida — pela manutenção de privilégios.

      Alguns poucos visionários do Planeta Milhão sabem os riscos que a iniquidade exacerbada traz. E gritam, numa tentativa menos filantrópica e mais destinada à autopreservação. O magnata americano Warren Buffett, por exemplo, disse que não é justo que sua secretária pague proporcionalmente menos imposto que ele.

      Clap, clap, clap. Aplausos. De pé.

      O Planeta Milhão, por suas conexões com o poder, inventa maneiras de não pagar impostos que estão longe do alcance das pessoas que não podem recorrer a paraísos fiscais e coisas do gênero.

      O rei João Carlos não está, naturalmente, entre os visionários. Ele gasta dinheiro dando tiro em elefante quando seus concidadãos são instados a se sacrificar ainda mais.

      Raras vezes um tombo foi tão merecido. Por tudo o que foi dito acima, é do rei espanhol o prêmio outorgado a cada sete dias pelo Diário –- a Pataquada da Semana.

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