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      Os republicanos enlouqueceram?

      Sim. Quem diz o colunista Paul Krugman. Leia

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      247 - Mais influente colunista da imprensa americana, o economista Paul Krugman, que publica artigos no The New York Times e aqui é reproduzido pela Folha de S. Paulo, diz que o Partido Republicano enlouqueceu e pode levar, sim, os Estados Unidos à moratória. Leia:

      PAUL KRUGMAN

      Não há muitos aspectos positivos a destacar na chance de um calote da dívida dos EUA. Mas assistir a tantas pessoas que estavam em estado de negação farejando a loucura no ar encerra algo de alívio cômico de humor negro.

      Vários comentaristas parecem chocados com o grau de insensatez dos republicanos. "O Partido Republicano enlouqueceu?", eles indagam. Sim, enlouqueceu. Mas não é algo que tenha acontecido a partir do nada, é o ponto culminante de um processo que vem se desenrolando há décadas.

      Qualquer pessoa que se espante com o extremismo e a irresponsabilidade exibidos agora ou não vem prestando atenção, ou vem fazendo vista grossa de propósito.

      E àqueles que agora se angustiam com a saúde mental de um de nossos dois partidos políticos principais: pessoas como você têm responsabilidade pelo estado em que esse partido está.

      O presidente Obama se dispõe a assinar um pacto para a redução do deficit que consiste em cortes de gastos, incluindo cortes draconianos em programas sociais fundamentais, como a elevação na idade mínima que dá direito ao Medicare. São concessões extraordinárias.

      Mesmo assim, os republicanos estão dizendo "não", e ameaçam impor um calote dos EUA e criar uma crise econômica, a não ser que consigam um acordo unilateral.

      Se um republicano tivesse conseguido arrancar o tipo de concessões sobre o Medicare e a Previdência Social que Obama oferece, isso teria sido uma vitória conservadora.

      Mas, quando essas concessões vêm acompanhadas de aumentos pequenos na receita e partem de um democrata, as propostas viram planos inaceitáveis para afogar a economia americana em impostos.

      Para além disso, a teoria econômica vodu tomou conta do Partido Republicano. O vodu "supply-side" -segundo o qual as reduções de impostos se pagam e/ou que qualquer elevação nos impostos levaria ao colapso econômico- tem força dentro do Partido Republicano desde que Ronald Reagan aderiu ao conceito da curva de Laffer.

      Antes, contudo, o vodu era contido. O próprio Reagan promulgou aumentos importantes de impostos, contrabalançando cortes iniciais.

      Até mesmo a administração de George W. Bush evitou afirmações extravagantes sobre a magia das reduções de impostos, pelo medo de que isso levantaria dúvidas quanto à seriedade da administração.

      Recentemente, contudo, a contenção voou pelos ares -na realidade, foi expulsa do partido. No ano passado, Mitch McConnell, líder da minoria no Senado, afirmou que os cortes de impostos feitos por Bush haviam levado a um aumento da receita -o que contrariava completamente as evidências-, declarando que essa era "a visão de praticamente todos os republicanos".

      E é verdade: mesmo Mitt Romney, visto por muitos como o mais sensato dos candidatos à Presidência em 2012, endossou a ideia de que reduções nos impostos podem de fato reduzir o deficit.

      Isso me conduz novamente aos que só agora encaram de frente a insensatez do Partido Republicano, que não tem enfrentado nenhuma pressão para que demonstre responsabilidade ou racionalidade -e, dito e feito, ele endoidou. Se você está surpreso, significa que você foi parte do problema.

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