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OTAN aumenta castigo à Líbia

Violentos bombardeios destroem casas, matam civis e prejudicam ainda mais a situao da populao que sofre com a escassez de alimentos

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Roberta Namour, correspondente do Brasil 247 em Paris _ A OTAN não pretende medir esforços para tirar Mouammar Kadhafi do poder, nem que para isso precise destruir boa parte da Líbia. Por outro lado, o ditador já avisou que não deixará o poder. Durante o dia de hoje, violentas explosões estremeceram Trípoli, a capital do país. Aviões bombardearam o setor do complexo Bab al-Azizia, onde vive Kadhafi, no centro da cidade. Trata-se do mais brutal dos ataques desde o início da ofensiva dos países ocidentais, em março. « Enquanto Kadhafi continuar a ameaçar os civis, a OTAN irá manter a pressão sobre o regime e destruirá sua capacidade de causar danos à população », declarou o chefe da missão da coalizão na Líbia, o tenente canadense Charles Bouchard. Quem sofre com isso são os líbios, que tentam escapar de um governo repressivo para se tornar uma vítima da guerra.

Foram ao menos 26 bombardeios que se sucederam em intervalos regulares. Além disso, a ação ocorreu durante o dia, o que contraria a prática habitual da OTAN. « Dezenas de milhares de crianças vivem em Trípoli. Imaginem o choque e o horror que viveram », disse o porta-voz do regime líbio, Moussa Ibrahim. Parte do edifício da televisão líbia também foi destruída, deixando dezesseis pessoas feridas. Mas segundo o representante do governo de Kadhafi, o ataque não foi suficiente para tirar a emissão do ar. O ministro britânico da defesa anunciou que helicópteros Apache, que foram enviados recentemente ao País, destruíram um sistema de lança-foguetes de Brega, a cidade mais a leste entre as que estão sob o controle das forças de Kadhafi. Os rebeldes também conseguiram avançar até a Yefren, a 100 quilômetros de Trípoli, após a explosão de dois veículos blindados pelo exército britânico.

Mas as ações dos militares ocidentais causam também muita destruição por onde passam. Nos últimos três meses, os jovens líbios viram mais violência e mortes do que a maior parte dos adultos do mundo verão ao longo de toda uma vida. Nenhuma região do país foi poupada pela guerra civil que se degenerou após a insurreição contra o governo de Kadhafi. Milhares de pessoas foram assassinadas, feridas e tiveram suas casas destruídas. Na cidade de Misrata a situação é ainda pior. Boa parte dos prédios estão em ruínas. Não há água corrente, eletricidade e meios de comunicação. As ruas estão bloqueadas por escombros e veículos carbonizados. A população também sofre com a escassez de alimentos. « Quando os bombardeios começam, ficamos amontoados uns em cima dos outros, rezando para que nossa moradia não seja atingida », contou o líbio Salem Ali. Segundo a ONU o conflito já fez entre 10 mil e 15 mil vítimas. Mais de 890 mil líbios fugiram do País. O conflito provocou a quase paralização da produção de petróleo líbio e contribuiu com a alta do preço do barril do ouro negro.

Para tentar diminuir os estragos, a União Europeia aumentou o valor da ajuda humanitária atendendo aos apelos da população que se sente abandonada pelos países ocidentais. Recentemente os europeus desbloquearam 20 milhões de euros suplementares para as vítimas que se amontoam em Benghazi. Essa iniciativa eleva a quase 125 milhões de euros a ajuda total da Comissão europeia. O ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, declarou que seu País irá atuar na desativação das minas terrestres de Misrata, Benghazi e de outras regiões, para garantir a segurança de 200 mil pessoas. Mas as promessas ainda estão longe de garantir uma vida menos miserável aos líbios que seguem empilhados em cabanas improvisadas.

 

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