Partido do Congresso da Índia refuta suspeitas do Canadá sobre assassinato do líder Sikh Hardeep Singh Nijjar
Partido da oposição defende soberania indiana e rejeita alegações canadenses
Reuters - O principal partido de oposição da Índia, o Patido do Congresso, apoiou nesta quarta-feira (20), a rejeição do governo às suspeitas do Canadá de que agentes de Nova Delhi estivessem ligados ao assassinato de um líder separatista Sikh, instando a uma postura contra ameaças à soberania do país. A Índia rapidamente descartou a afirmação do Canadá como absurda em uma disputa que está piorando as já fracas relações entre os dois membros do grupo G20, cada um expulsando um diplomata do outro. A controvérsia seguiu-se aos comentários do primeiro-ministro Justin Trudeau de que as agências de inteligência canadenses estavam investigando ativamente "alegações críveis" ligando agentes indianos ao assassinato de Hardeep Singh Nijjar, 45 anos, na Colúmbia Britânica.
Nesta quarta-feira, o ministério das Relações Exteriores da Índia não respondeu aos pedidos de comentários, mas uma fonte governamental disse que Nova Delhi não tinha nada de novo a acrescentar. Porta-vozes do Paryido do Congresso apoiaram o que chamaram de "luta da Índia contra o terrorismo" e criticaram Trudeau. "A defesa de Trudeau do terrorista declarado Hardeep Singh Nijjar é absolutamente vergonhosa e mostra o quanto o atual regime canadense está alinhado com simpatizantes Khalistan", escreveu Abhishek Manu Singhvi, um parlamentar sênior do Congresso, na plataforma de mídia social X, anteriormente conhecida como Twitter. Khalistan é o nome de um estado Sikh independente cuja criação era o objetivo de uma sangrenta insurgência Sikh nas décadas de 1980 e 1990 no estado do norte da Índia, Punjab, durante a qual dezenas de milhares foram mortos. Como partido governante na época, o Partido do Congresso liderou a luta contra os separatistas e eventualmente reprimiu a campanha. "Os interesses e preocupações de nosso país devem ser mantidos como prioritários o tempo todo", disse Jairam Ramesh, o porta-voz-chefe do Congresso, em uma postagem na X. "O Congresso Nacional Indiano sempre acreditou que a luta de nosso país contra o terrorismo tem que ser intransigente, especialmente quando o terrorismo ameaça a soberania, unidade e integridade da Índia". A insurgência também tirou a vida de importantes líderes do Partido do Congresso na época, a primeira-ministra Indira Gandhi, que foi assassinada por seus guarda-costas Sikhs em 1984, e o chefe do governo de Punjab, Beant Singh, que foi morto em uma explosão de bomba por separatistas Sikhs em 1995.
Até agora, os funcionários canadenses se recusaram a dizer por que acreditam que a Índia possa estar ligada ao assassinato de Nijjar. Embora haja pouco apoio à insurgência na Índia, pequenos grupos de Sikhs na Austrália, Grã-Bretanha, Canadá e Estados Unidos apoiam a demanda separatista e ocasionalmente realizam protestos fora de suas embaixadas. Nova Delhi, que instou Ottawa a agir contra elementos anti-indianos, há muito tempo está insatisfeita com a atividade separatista Sikh no Canadá. Foi estranho que Trudeau tivesse anunciado a expulsão de um diplomata indiano no parlamento, disse A.S. Dulat, ex-chefe da agência de espionagem externa da Índia, o Research and Analysis Wing. "Nós não fazemos essas coisas", citou o jornal Economic Times Dulat, dizendo à agência de notícias Press Trust of India. "Nós não saímos por aí assassinando pessoas, permita-me deixar isso muito claro".
O Canadá tem a maior população de Sikhs fora do estado indiano de Punjab, com cerca de 770.000 pessoas relatando o Sikhismo como sua religião no censo de 2021. A Índia tem sido particularmente sensível aos protestos Sikh no Canadá, com alguns analistas indianos afirmando que Ottawa não os impede, pois os Sikhs são um grupo politicamente influente lá.
