CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Mundo

Peso do Brasil deve crescer e é preciso levar em conta a opinião do país na arena global, diz Putin

"O Brasil na América Latina – a população é enorme, o crescimento da influência é colossal. A África do Sul – como não levar em conta sua influência no mundo?", questionou Putin

Sputnik/Grigory Sysoyev/Pool via REUTERS (Foto: Putin no Clube de Discussão Valdai 5/10/2023)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Sputnik Hoje, quinta-feira (5), o presidente russo Vladimir Putin fez discurso durante a sessão plenária da 20ª edição do Clube Valdai que leva como lema "Multipolaridade justa: como garantir segurança e desenvolvimento de todos".

Putin tradicionalmente se reúne com os participantes do Clube Valdai desde a sua criação, em setembro de 2004. Durante todo o discurso, Putin falou sobre a situação de turbulência internacional, a importância de respeitar à diversidade e à soberania de todos os países, além de ter citado a importância do Brasil, da América Latina e de todo o Sul Global.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

"Estamos, de fato, perante a tarefa de construir um novo mundo. Nos estágios decisivos, a responsabilidade dos intelectuais é extremamente grande", disse Putin aos membros do Clube Valdai.

Problemas globais exigem soluções coletivas - No início do século XXI, todos esperavam que as lições do custoso confronto militar-ideológico já tivessem sido aprendidas, mas descobriu-se que isso não foi assim, apontou o líder russo.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Ele acrescentou que os problemas globais da humanidade exigem soluções coletivas, e o egoísmo e a presunção só levarão a um beco sem saída.

As contrapartes ocidentais perderam seu senso de realidade, quebraram todas as regras, afirmou Putin.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

"Infelizmente, temos que constatar que nossas contrapartes ocidentais perderam seu senso de realidade, cruzaram todos os limites possíveis. Isso é um erro", disse Putin.

Os EUA e os seus aliados entraram em um curso de hegemonia – militar, política, econômica, cultural e até moral, disse ele.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Como observou o chefe de Estado, alguns entenderam mal a prontidão da Rússia para uma "interação construtiva".

O problema da atitude do Ocidente em relação à Rússia reside em seus interesses geopolíticos, na atitude de arrogância para com os outros e autoconfiança, disse o presidente russo.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Ele especificou que certa parte das elites ocidentais sempre precisa de um inimigo, a luta com o qual pode ser usada para explicar a necessidade de ações de força e expansões, mas ele também é necessário para manter o controle interno no sistema de hegemonia.

A Rússia não começou a chamada "guerra" na Ucrânia, sublinhou o líder russo, mas, pelo contrário, está tentando acabar com ela. Ele ressaltou que a Rússia não organizou um golpe de Estado em Kiev em 2014 – sangrento e inconstitucional.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Questão na Ucrânia - A crise ucraniana não é um conflito territorial, a Rússia não tem interesse em recapturar nenhum território, acrescentou Vladimir Putin durante a reunião.

"A crise ucraniana não é um conflito territorial, quero enfatizar isso. A Rússia é o maior país no mundo, com maior dimensão territorial. Não temos interesse em reivindicar nenhum território adicional. Ainda temos que continuar a desenvolver a Sibéria, a Sibéria Oriental e o Extremo Oriente. Este não é um conflito territorial", disse Putin.

Falando sobre o apoio do Ocidente a Kiev, o presidente russo disse que a Rússia está esperando o surgimento de brotos do senso comum.

De acordo com ele, nem sequer se trata de estabelecer um equilíbrio geopolítico regional, a questão é muito mais ampla e fundamental.

"Estamos falando sobre os princípios nos quais a nova ordem mundial será baseada."

Putin destacou que a Rússia é o tema favorito de vários políticos do Ocidente, estamos "certamente acostumados a isso, historicamente acostumados".

No Ocidente esqueceram o que são o autocontrole razoável, o compromisso, querem impor seus interesses a qualquer custo, e veremos o que virá disso, disse ele.

Além disso, segundo o líder russo, o Ocidente impõe estruturas geopolíticas artificiais ao mundo e cria um "formato de blocos fechados", tal abordagem é uma restrição dos diretos e liberdades dos Estados.

"Na Europa já há décadas é realizada a linha persistente da expansão da OTAN, bem como na região da Ásia-Pacífico e no Sul da Ásia."

Segundo o presidente, nessas regiões estão tentando quebrar a arquitetura aberta e inclusiva da cooperação e impor uma abordagem de blocos, que é "uma tentativa os colocar em uma certa jaula de obrigações".

Ele enfatizou que a época do domínio colonial acabou há muito tempo e os países ocidentais precisam "enxugar os olhos". Conforme o presidente, as elites ocidentais ainda possuem um comportamento irresponsável e guiado por interesses de curto prazo.

"É a hora de se livrarem desse pensamento da época do domínio colonial. Gostaria mesmo de dizer: enxuguem os olhos. Esta era acabou há muito tempo e nunca mais voltará."

Assim, Vladimir Putin enfatiza que a Rússia sempre retirou da história lições para o futuro, fortalecendo sua unidade e integridade nacional.

O presidente russo também disse que ninguém deve trair sua civilização, isso é antinatural, repugnante e leva ao caos.

De acordo com líder russo, a civilização não impõe nada a ninguém, mas também não permite que nada lhe seja imposto, e se todos aderirem precisamente a essa regra, isso garantiria uma coexistência harmoniosa e interação criativa entre todos os participantes nas relações internacionais.

A civilização para a Rússia é um fenômeno multifacetado, e nenhuma delas é pior ou melhor do que as outras, destacou Vladimir Putin.

Poderio nuclear - Respondendo a uma pergunta sobre a possibilidade de reduzir o chamado nível nuclear na doutrina da Rússia, o mandatário ressaltou que não vê a necessidade disso.

Segundo ele, hoje não existe tal situação na qual, hipoteticamente, algo possa ameaçar a existência do Estado russo: "Não acho que alguém que tenha seu juízo são e memória clara pense em usar armas nucleares contra a Rússia".

Mesmo assim, o presidente russo informou que a Rússia realizou com sucesso o último teste do míssil de cruzeiro Burevestnik, de grande alcance e com propulsor nuclear.

Ainda sobre a questão nuclear, o presidente ressaltou que há apenas duas razões para um eventual uso dessa força: um ataque contra a Federação da Rússia ou uma ameaça à existência russa.

"Deixe-me lembrar que na doutrina militar russa existem duas razões para o possível uso de armas nucleares pela Rússia. A primeira é o uso de armas nucleares contra nós, isto é, em resposta, num contra-ataque", contou

É necessário conseguir um consenso de mudanças no mundo para que elas não destruam o regime legal existente, apontou Putin.

Influência do Brasil e América Latina - "O Brasil na América Latina – a população é enorme, o crescimento da influência é colossal. A África do Sul – como não levar em conta sua influência no mundo? Assim, também o seu peso na tomada de decisões-chave deve aumentar, mas é claro que isso deve ser feito de tal forma que se chegue a um consenso sobre as mudanças, que não destrua a existente […] que não destrua o regime legal existente. É um processo complexo, mas na minha opinião é nessa direção e nesse caminho que precisamos seguir."

Enfatizando, o líder russo afirmou que a Rússia está ciente de onde irá, e pretende viver em um mundo aberto e interconectado, no qual ninguém jamais tentará erguer barreiras artificiais à comunicação das pessoas.

A Rússia quer que a diversidade do mundo não seja apenas preservada, mas que seja a base do desenvolvimento universal, enquanto a imposição a qualquer país ou povo de como viver deve ser proibido.

Vladimir Putin destacou que a Rússia defende a máxima representatividade, os países não têm o direito de governar o mundo pelos outros e em nome dos outros, bem como tomar decisões por outros Estados.

Conforme o presidente, caso o Japão tome iniciativa para normalizar as relações com a Rússia, o país "está pronto para a cooperação". Putin também lembrou que espera uma condenação pelas organizações internacionais da homenagem ao veterano nazista de 98 anos no parlamento do Canadá.

"Espero que [...] as organizações públicas, aquelas que se preocupam com o futuro da humanidade, formulem a sua posição sobre esta questão, de forma clara, inequívoca e com condenação do que aconteceu", afirma.

Putin destacou que a Rússia sempre vai tratar o Canadá com respeito, especialmente por conta do seu povo. "De forma alguma quero ofender os sentimentos do povo canadense. Tratamos o Canadá, não importa o que aconteça, com respeito, especialmente pelas pessoas", enfatiza.

O presidente russo frisou também que o país está cada vez mais distante do mercado "moribundo" (prestes a morrer) para se estabelecer em mercados em crescimento de outras partes do mundo, como a Ásia.

Nord Stream - Com relação ao atentado contra os gasodutos Nord Stream, no Mar Báltico, Putin falou sobre as apurações conduzidas pelos países. Para o presidente, é improvável que algum resultado apareça e disse que as explosões foram atos de terrorismo internacional.

"Não estamos autorizados a participar na investigação, apesar das nossas propostas e repetidos apelos para o fazer. Não há resultados, não há investigação e, aparentemente, não haverá nenhuma", alegou.

Construídos para transportar o gás russo para a Alemanha, os gasodutos foram alvo de um atentado em setembro de 2022. Na época, a operadora da estrutura enfatizou que os danos não tinham precedentes e era impossível estimar o prazo para reparação.

"A primeira coisa que gostaria de salientar é que muito antes das explosões, o presidente dos EUA [Joe Biden] disse em público que os Estados Unidos fariam tudo para impedir o fornecimento de produtos energéticos russos à Europa através desses oleodutos", disse.

Relações com a China - Para Putin, a cooperação entre Rússia e China é crucial para estabilizar a situação internacional. "Obviamente, é um fator muito importante de estabilização da vida internacional. Para que esta influência cresça, em primeiro lugar, precisamos de prestar atenção à manutenção do ritmo da nossa economia em crescimento", alega.

O discurso do presidente russo também mencionou a falta de viagens ao exterior, como as cúpulas do BRICS, na África do Sul, e do G20, na Índia. Conforme Putin, isso acontece para não "expor seus amigos".

"Defendemos os nossos direitos e, tenho certeza, iremos garanti-los. Este é o primeiro ponto. Em segundo lugar, por que deveria eu criar problemas para nossos amigos durante esses eventos? [...] Se eu chegar, os ataques políticos começarão ali, o que significa que o espetáculo é político. Tudo terá como objetivo perturbar o evento”, pontuou.

Sobre a última reunião do G20, Putin elogiou a Índia e o primeiro-ministro Narendra Modi por despolitizar decisões tomadas durante a cúpula e também equilibrar interesses dos países membros. "A politização do G20 é uma receita para a sua autodestruição, mas a liderança indiana conseguiu evitá-la, o que é definitivamente um sucesso", elogiou.

O evento - A vigésima reunião do Clube Valdai de Discussões Internacionais ocorre na cidade russa de Sochi de 2 a 5 de outubro de 2023. Segundo organizadores do evento, neste ano a reunião conta com a participação de cerca de 140 especialistas, políticos e diplomatas de 42 países da Eurásia, África e Américas.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO