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PML: crueldade contra a Grécia tem causa política

"A crueldade exibida pela União Europeia de Angela Merkel diante das reivindicações do governo de Alexis Tsipras não tem causas econômicas, mas políticas", avalia Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília; segundo ele, o atraso no pagamento de uma parcela de 1,6 bilhão de euros ao FMI, que vencerá na terça-feira, poderia perfeitamente ser perdoado, pois não prejudica nenhuma das demais economias do Velho Mundo, mas a recusa tem como intenção "cortar, pela raiz, a tentativa pioneira de resistência aos programas de austeridade" por parte da Grécia, que teria se tornado, afirma o jornalista, "um exemplo a ser abatido"

"A crueldade exibida pela União Europeia de Angela Merkel diante das reivindicações do governo de Alexis Tsipras não tem causas econômicas, mas políticas", avalia Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília; segundo ele, o atraso no pagamento de uma parcela de 1,6 bilhão de euros ao FMI, que vencerá na terça-feira, poderia perfeitamente ser perdoado, pois não prejudica nenhuma das demais economias do Velho Mundo, mas a recusa tem como intenção "cortar, pela raiz, a tentativa pioneira de resistência aos programas de austeridade" por parte da Grécia, que teria se tornado, afirma o jornalista, "um exemplo a ser abatido" (Foto: Gisele Federicce)
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Por Paulo Moreira Leite

A crueldade exibida pela União Europeia de Angela Merkel diante das reivindicações do governo de Alexis Tsipras não tem causas econômicas mas políticas.

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O atraso no pagamento de uma parcela de 1,6 bilhão de euros ao FMI, que vencerá nesta terça-feira, poderia perfeitamente ser perdoado, pois não prejudica nenhuma das demais economias do Velho Mundo. O custo para negociar um pacote maior, de 8,7 bilhões, é ridículo, diante das reservas internacionais do Banco Central Europeu, superior a 800 bilhões de dólares.

O fato é que a Grécia preocupa os mercados e aqueles governos que atuam como seu braço político porque se tornou um exemplo a ser abatido, um mal que precisa ser cortado pela raiz. Explico: a grande força que mantém as políticas de austeridade de pé na maioria dos países europeus, inclusive aqueles que têm governo nominalmente social-democratas e socialistas, é a convicção dos eleitores de que não há outra saída além da austeridade, do crescimento baixo, da perda de conquistas históricas de bem-estar social. Os eleitores não concordam com o que acontece. Não querem ter os direitos diminuídos, o futuro ameaçado. Mas estão convencidos de que não tem outro jeito. A adesão dos partidos social-democratas aos programas de austeridade cumpre um papel fundamental nessa postura. Mostram que, também para eles, não há outra saída, ajudando a manter a situação como está.

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O quadro político europeu, de conformismo diante do empobrecimento, mudará no Continente inteiro, conectado por uma moeda única, um mercado único e instituições políticas próximas, se a Grécia conseguir uma concessão.

Imagine o que acontece na Espanha, onde as eleições municipais de maio mostraram uma derrota histórica dos conservadores do PP e dos social-democratas, abrindo espaço para uma possível vitória do Podemos em novembro. A Espanha também está submetida a um prolongado programa de austeridade, sem saída visível, nenhum progresso notável.

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Imagine o que acontece na França, com o PS de François Hollande, ou com os trabalhistas ingleses, humilhados por uma derrota para os conservadores justamente porque fizeram o possível para se mostrar confiáveis até a medula para os mercados.

A Europa encontra-se sob ameaça de uma regressão histórica, na qual um regime que é definido como " capitalismo democrático," pela proteção aos direitos dos trabalhadores e da população pobre, pode ser substituído por versões selvagens do Estado mínimo, com todas as consequências daí decorrentes. Depois da crise de 2008, a política econômica do Banco Central Europeu consistiu em combater uma possível alta da inflação — quando era óbvio que o problema real era estimular o crescimento.

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O atual declínio europeu ajuda a entender as dificuldades de recuperação da economia mundial, pois ali se encontra o maior mercado do planeta, com o maior potencial de consumo.

O plano de Alexis Tsipras é buscar respaldo num referendo popular. Resta ver que vai acontecer. Os mercados não são muito amigáveis com iniciativas democráticas onde podem ser derrotados.

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Em 2010, o social-democrata George Papandreau foi forçado a renunciar quando tentou fazer um referendo — também. Depois de dois anos de austeridade duríssima, o governo Papandreau estava com a popularidade no chão e era motivo de repúdio geral.

Num sinal de que a austeridade não convive bem com a democracia, o referendo não pode ser realizado. Numa ação coordenada entre os mercados, a bancada conservadora do parlamento e inclusive alguns membros de seu partido, o primeiro-ministro acabou substituído por um executivo do mercado financeiro, Lucas Papademus, que nem era membro do Parlamento — como pedem as leis do país.

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