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Protestos paralisam a Grécia contra jornada de até 13 horas

Greve nacional reúne servidores, professores e médicos em protesto contra plano que amplia jornada de trabalho e flexibiliza contratos

Protesto em Atenas, na Grécia, contra nova reforma que pode ampliar jornada de trabalho no país (Foto: REUTERS/Louisa Gouliamaki)

247 - Milhares de trabalhadores voltaram às ruas nesta terça-feira (14) em toda a Grécia para protestar contra o projeto de reforma trabalhista apresentado pelo governo conservador, que prevê a ampliação da jornada de trabalho no setor privado e maior flexibilização nas contratações, segundo noticiou a agência Reuters.

Navios permaneceram atracados, trens e metrôs pararam, e hospitais funcionaram apenas em regime de emergência. Professores, médicos, jornalistas e servidores públicos aderiram à paralisação convocada pelas principais centrais sindicais do país, a GSEE (setor privado) e a ADEDY (setor público). Foi a segunda greve geral em menos de um mês, coincidindo com a votação do projeto no Parlamento.

O texto proposto pelo governo do primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis autoriza empregadores a exigir até 13 horas diárias de trabalho, sob o argumento de “aumentar a flexibilidade” e “modernizar” o mercado de trabalho. Também altera regras de férias e contratos temporários.

Para os sindicatos, trata-se de um ataque direto aos direitos conquistados após décadas de luta. As entidades afirmam que as mudanças retiram dos trabalhadores seu poder de negociação num país onde há trabalho informal e os salários médios ainda são baixos em comparação com outros países da UE. A deputada Effie Achtsioglou, do partido Nova Esquerda (New Left), classificou a proposta como “trabalho pago sob regime de servidão”.

Exaustão laboral

Apesar da retórica oficial sobre “flexibilização”, a Grécia já é o país da União Europeia onde mais se trabalha, segundo dados da Eurostat. Um quinto dos empregados gregos ultrapassa 45 horas semanais. Ao mesmo tempo, o poder de compra permanece entre os mais baixos do bloco, com salários médios ainda muito aquém dos níveis pré-crise de 2009.

O governo argumenta que a reforma permitirá jornadas de quatro dias por semana “sem redução de produtividade”, mas os sindicatos afirmam que, na prática, isso servirá apenas para aumentar a sobrecarga de trabalho sem compensação salarial.

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