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Relatora da ONU acusa Israel de promover limpeza étnica em Gaza

Objetivo do governo Netanyahu é deslocar palestinos para o Egito, denuncia Francesca Albanese

Palestinos fogem para o sul da Faixa de Gaza em meio a ataques israelenses no enclave (Foto: REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa)

247 – Francesca Albanese, a relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, em recente entrevista ao jornal O Globo, acusou Israel de promover uma "limpeza étnica" na Faixa de Gaza. Segundo Albanese, o plano do governo israelense, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, seria deslocar palestinos para o Egito. Este relato surge em meio a um conflito duradouro com o Hamas, que resultou em mais de 17 mil mortes e deslocou 80% da população de Gaza, segundo reportagem da agência Sputnik.

Na entrevista, Albanese descreveu as ações das Forças de Defesa de Israel (FDI) como exacerbadas, ressaltando que nem hospitais foram poupados dos bombardeios. Ela também criticou a resposta da ONU ao conflito, classificando-a como um "fracasso épico". Em relação à justificativa de Israel para os bombardeios em áreas densamente povoadas, devido à presença do Hamas, Albanese argumentou que o próprio governo israelense possui instalações militares perto de áreas civis.

Albanese enfatizou a continuidade dos deslocamentos forçados da população palestina desde a criação do Estado de Israel em 1947. Ela questionou por que essas pessoas não poderiam retornar ao norte, para suas casas, em vez de serem forçadas a se deslocar para a fronteira de Rafah. A relatora também mencionou a incapacidade da ONU de pressionar Israel a moderar seu uso da autodefesa, destacando que, embora Israel tenha o direito de se proteger, não deveria conduzir uma guerra contra a população civil de Gaza.

A ONU, ao comemorar 76 anos da resolução que aprovou a criação de um Estado palestino, reiterou a necessidade de a comunidade internacional agir para concretizar tal Estado. Tatiana Valovaya, diretora-geral do escritório das Nações Unidas em Genebra, enfatizou a urgência de avançar para uma solução de dois Estados. A tensão na região se agravou desde 7 de outubro, quando o Hamas lançou um ataque significativo contra Israel, intensificando o conflito na Faixa de Gaza. O plano da ONU prevê ainda um domínio internacional sobre Jerusalém e a formação de um Estado Palestino incluindo a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Israel, por sua parte, argumenta pela desmilitarização da região para garantir sua segurança.