CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Mundo

Revelação de emprego fictício abala direita francesa

Esposa de François Fillon teria recebido como assessora parlamentar sem trabalhar; "Fillon e sua equipe contavam deslanchar a campanha com brilho e entusiasmo no comício de 29 de janeiro, em Paris. Agora tudo ficou sombrio, enquanto a Justiça não terminar a apuração do caso", diz a jornalista Leneide Duarte-Plon; denúncia pode ser fatal à campanha para presidente

Esposa de François Fillon teria recebido como assessora parlamentar sem trabalhar; "Fillon e sua equipe contavam deslanchar a campanha com brilho e entusiasmo no comício de 29 de janeiro, em Paris. Agora tudo ficou sombrio, enquanto a Justiça não terminar a apuração do caso", diz a jornalista Leneide Duarte-Plon; denúncia pode ser fatal à campanha para presidente (Foto: Aquiles Lins)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Leneide Duarte-Plon, na Carta Maior - Para quem construiu a carreira política como um exemplo de retidão e ética, a denúncia publicada na quarta-feira, dia 25, pelo jornal « Le Canard Enchaîné » não podia ser mais chocante.

Em mais de 30 anos na vida pública, nenhuma denúncia veio manchar a imagem de homem íntegro construída por François Fillon, paladino da ética na política. Nem mesmo as denúncias que levaram a Justiça a se interessar por Nicolas Sarkozy em diversos « affaires » chegaram a respingar no seu ex-primeiro-ministro.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Por isso, a notícia surpreende e choca : a esposa de François Fillon, o candidato vencedor da primária do partido de direita Les Républicains-LR, teria recebido mais de 500 mil euros do erário para trabalhar como assistente parlamentar em dois períodos diferentes.

Até aí tudo é legal.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Na França, um parlamentar pode nomear um parente para trabalhar em seu gabinete. Para remunerar seus assessores, ele tem um orçamento perto de 10 mil euros. Com esse total pode contratar dois ou três assessores, dependendo dos salários.

O problema é que o jornal investigou em diversas fontes, inclusive na biografia do ex-primeiro-ministro publicada há alguns anos, e em nenhum lugar encontrou a mais leve prova de que Penélope Fillon trabalhou efetivamente como assessora parlamentar do marido ou de seu suplente. Ela mesma, em diversas entrevistas, se apresentou como esposa e dona de casa, distante do mundo da política.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Ora, a França não é uma república de banana. Se for comprovado que Penélope Fillon foi uma funcionária fantasma, o marido vai responder a processo na Justiça, acionada imediatamente para investigar o caso.

A notícia é um rude golpe para Fillon, apontado pelas pesquisas como o opositor de Marine Le Pen no segundo turno da eleição de maio. Se for formalmente acusado na Justiça, ele pode ter que renunciar à candidatura.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Eleitores decepcionados

Os estragos da revelação já se fizeram notar nas pesquisas e entrevistas com seus eleitores potenciais de maio. Um Fillon que remunera a esposa com dinheiro público sem que ela trabalhe não é o candidato a quem esses eleitores pensavam entregar o destino da França.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Fillon e sua equipe contavam deslanchar a campanha com brilho e entusiasmo no comício de 29 de janeiro, em Paris. Agora tudo ficou sombrio, enquanto a Justiça não terminar a apuração do caso.

Obviamente, o ex-primeiro-ministro atribuiu a denúncia a pessoas que querem prejudicar sua candidatura. E prometeu provar que sua mulher sempre trabalhou na função para a qual foi remunerada por vários anos.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Acontece que todo candidato ao cargo de presidente da República sabe que sua vida pública vai ser examinada com uma lupa por seus adversários mas também por seus opositores no próprio partido. Se não conseguir provar muito bem o trabalho de sua esposa, o candidato vai ter que ser substituído.

Essa pode ser a chance de Alain Juppé, também ex-primeiro-ministro, segundo colocado nas eleições primárias do partido.

Cabe ressaltar que nomear um parente para seu gabinete não é hábito apenas da direita na França. Alguns políticos de esquerda também nomeiam parentes.

Esse debate em torno do trabalho de fato ou fictício de Penélope Fillon já gerou uma proposta do candidato Benoît Hamon, cotado para ganhar de Manuel Valls, nesse domingo, a primária do Partido Socialista. Hamon pensa que é urgente reformar a lei que permite aos parlamentares nomear parentes para seus gabinete.

Quem sabe o escândalo vai servir para aperfeiçoar um pouco mais a democracia « à la française ».

* Leneide Duarte-Plon é autora de « A tortura como arma de guerra-Da Argélia ao Brasil : Como os militares franceses exportaram os esquadrões da morte e o terrorismo de Estado » (Editora Civilização Brasileira, 2016)».

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO