Rússia nega alegações de envolvimento em referendo da Catalunha
As autoridades da Rússia são acusadas de tentativa de influência em mais um pleito: o referendo sobre a independência da região da Catalunha, na Espanha; o governo de Moscou se apressou em negar qualquer envolvimento
Da Sputnik Brasil
Moscou tem sido repetidamente acusada de se intrometer nos assuntos internos de outros países, mas essas alegações nunca foram provadas. No entanto, a comunidade internacional ainda considera conveniente culpar a Rússia de seus problemas.
Na terça-feira (26), o embaixador da Rússia na Espanha, Yuri Korchagin, em entrevista à Sputnik, refutou as alegações da mídia sobre o envolvimento do Kremlin no próximo referendo sobre a independência da Catalunha, considerado ilegal por Madri.
O jornal espanhol El País publicou recentemente um artigo, acusando Moscou de tentar influenciar a crise catalã usando a mídia estatal russa para desestabilizar a Europa. De acordo com El Pais, vários meios de comunicação "vinculados ao Kremlin", como a emissora RT e a agência de notícias Sputnik, não têm objetividade na cobertura do referendo na região autônoma da Catalunha.
"Nossa posição oficial é conhecida, foi expressa mais de uma vez: [o referendo] é um processo interno da Espanha. Procedemos com base no fato de que todas as questões que surjam durante esses processos internos devam ser resolvidas no âmbito da lei e a Constituição espanholas. A Rússia não está de modo algum vinculada a esses processos e não tem interesse em estar conectada a eles", afirmou o embaixador.
Korchagin disse que o artigo do El Pais misturou vários tópicos e acusou a Rússia de orquestrar várias campanhas secretas para influenciar a política em outros países.
Segundo o embaixador, a sociedade espanhola passou por vários períodos complicados, o que permitiu "desenvolver imunidade contra várias insinuações politizadas e motivadas por ideologias".
Korchagin disse que a embaixada da Rússia enviou uma carta aberta ao El Pais, que foi publicada pela versão on-line do jornal, e também explicou o seu ponto de vista através das redes sociais.
"O feedback que recebemos mostra que os espanhóis são ‘imunes’; os leitores não aceitam o ponto de vista sugestivo que culpa a 'mão de Moscou' por tudo o que acontece no mundo. As relações russo-espanholas foram e permanecerão – faremos todo o possível para garantir isso – brilhantes, amigáveis e mutuamente vantajosas", disse Korchagin.
O Tribunal Constitucional espanhol suspendeu o projeto de lei do referendo aprovado pelo Parlamento da Catalunha, tornando ilegal todos os novos preparativos para a votação. No entanto, os apoiadores do referendo, agendado para 1º de outubro, não desistem da causa.
A Rússia enfrentou muitas acusações de interferir nos assuntos de outros países, uma vez que os funcionários e mídia dos Estados Unidos alegaram, após as eleições presidenciais dos EUA em 2016, que Moscou influenciou na votação. Várias autoridades europeias expressaram sua preocupação com a alegada potencial interferência da Rússia nos assuntos internos de seus países.
As autoridades russas sublinharam que as alegações são infundadas e salientaram que Moscou nunca interferiu nos assuntos de outros países e não pretende fazê-lo.
A RT e a Sputnik foram repetidamente acusadas de publicar notícias falsas ou cobertura parcial pelas autoridades ocidentais. Em novembro de 2016, o Parlamento Europeu votou a favor de uma resolução para contrariar meios de comunicação com base na Rússia, como a RT e a Sputnik, alegando que representavam uma ameaça à união da Europa. O presidente russo, Vladimir Putin, comentando a adoção da resolução, salientou que isso provava uma aparente degradação do conceito de democracia no Ocidente.
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