Salem Nasser: diplomacia de Bolsonaro não defende os interesses do País
Para o professor de Direito Internacional da FGV, a questão é se as opções da política externa do atual governo, "sejam de Estado ou ideológicas, atendem aos interesses brasileiros. Eu acho que não, do começo ao fim"; Nasser também analisa o comportamento de Donald Trump, que define como o exemplo do bullying; "Ele é o típico bullying no seu comportamento no dia a dia"; assista
247 - O professor de Direito Internacional da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Salem Nasser afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é o típico 'bullying' e descreveu sua personalidade como impossível de se convencer. "Se alguém quiser explicar o que é o bullying, o Trump é um bom exemplo, ele é o típico bullying no seu comportamento no dia a dia. Ele tem aquela personalidade que diz que é impossível que ele esteja errado, você não consegue convencê-lo, e ele toma decisões por impulso", disse o professor.
Nasser também explicou como é o método da política externa de Trump. "A dinâmica fundamental é 'eu sou um homem de negócios, vou tirar o melhor negócio de qualquer situação e se eu sentir que estou sendo prejudicado por um negócio ou por um tratado eu vou retirar este tratado da mesa e vou impor um outro que seja mais vantajoso para mim e assim eu vou demonstrar que sou um grande negociador'".
O professor opinou sobre os recentes gestos americanos de alinhamento com as posições políticas de Israel. "Ou ele achou que o momento era propício ou ele está agindo de modo irresponsável. Essas decisões que ele tem tomado podem encaminhar para uma solução final que liquide a questão Palestina e caminhe para o que Israel sempre sonhou, ou pode caminhar para uma tragédia, para os interesses americanos e israelenses".
Já sobre a política externa brasileira, Nasser disse que o caos interno do Brasil também repercute mundialmente. "A minha percepção é de que há um diagnóstico de caos, e o caos generalizado não tem como ser ordem no que diz respeito à política externa. Não tem porque a política externa ser a ilha da estabilidade".
Para ele, a diplomacia brasileira atual não defende os interesses do país. "Nós temos um novo governo que foi eleito democraticamente. Política externa é feita pelo presidente com seu ministro das Relações Exteriores, em princípio deve ser uma política de Estado. Para que ela seja de Estado o ponto de partida é que ela atenda aos interesses brasileiros. A questão é se as opções que estão sendo feitas, sejam de Estado ou ideológicas, atendam aos interesses brasileiros. Então eu acho que não (está atendendo aos interesses do Brasil), do começo ao fim".
Salem Nasser acredita que o alinhamento incondicional do presidente Jair Bolsonaro com os Estados Unidos pode fazer com que o Brasil não seja reconhecido internacionalmente como uma nação com voz e vontade própria. Além disso, o professor acredita que esse é um prejuízo irreparável. "Eu acho que o prejuízo que o Brasil sofre com essa política externa é, talvez, algo que não se recupere, há um prejuízo incalculável".
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