Sistema global imperialista oscila à beira do colapso, diz jornalista

Matthew Ehret aponta que condições atuais de crise imperialista podem levar à criação de um mundo ‘multipolar’, mas também para um completo caos

Bandeira do Reino Unido do lado de fora do Parlamento britânico em Londres
Bandeira do Reino Unido do lado de fora do Parlamento britânico em Londres (Foto: REUTERS/Tom Nicholson)


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Um artigo de Matthew Ehret* publicado originalmente no seu website. Traduzido e adaptado por Rubens Turkienicz com exclusividade para o Brasil 247

O Potencial Multipolar Atual e a Oportunidade Perdida de 1867

O mundo atual é formado de muitas maneiras por dinâmicas similares que formaram o mundo de 1867.

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Atualmente, justamente como em 1867, dois sistemas puxam a humanidade em duas direções opostas, enquanto um sistema global de império oscila à beira do colapso.

Atualmente, justamente como em 1867, o centro daquele império em decadência se encontra na City of London [centro financeiro de Londres] e nos seus parceiros juniores de Wall Street e, apesar de não ter sido conhecido como “deep state” [estado profundo] em 1867, as operações anglo-estadunidenses que assassinaram Lincoln de Montreal, Canadá, enquanto manipulavam guerras globalmente era essencialmente a mesma força perversa que deformava a tendência natural da civilização de cooperar, aprender e progredir junto.

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Justamente como em 1867, ou o mundo atual enfrentará uma descida infernal para o caos – ao se agarrar naquele sistema imperial – OU um novo sistema multipolar ainda pode tornar-se a substituição hegemônica que abrirá caminho para uma nova era de progresso e cooperação entre nações soberanas do mundo.

Enquanto os atuais defensores do sistema de nações-estado se localizam principalmente na Eurásia, os campeões deste sistema multipolar no século XIX tinham nomes como Henry C. Carey, William Seward, Ulysses Grant, Czar Alexander II e William Gilpin.

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Se observarmos a atual Iniciativa das Rotas da Seda (Belt and Road Initiative), o Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul e a Rota Polar da Seda, bem como a expansão global do sistema de tarifas de proteção de Lincoln, seu crédito produtivo, construção de ferrovias e interconectividade, o Império Britânico estava (e está) desesperado para destruir este potencial de qualquer maneira. Como poderia ocorrer a quebra deste sistema emergente quando os laços de amizade russo-estadunidenses estavam no seu auge ao final da Guerra Civil [nos EUA]? Afinal de contas, a Rússia tinha salvado a União [nos EUA] através da alocação de frotas russas em São Francisco e New York, enquanto engenheiros estadunidenses ofereciam a sua gratidão ao dar assistência em vastos projetos de ferrovias russas modeladas sobre a Ferrovia Transcontinental de Lincoln. Era sabido por importantes homens de estado daquela época que os dois primeiros sistemas de ferrovias do mundo (Trans-Siberia e USA) logo se uniriam via o túnel do Estreito de Bering (entre Alaska e Sibéria) e que aquele projeto grandioso foi levado mais próximo à sua realização com a venda do Alaska da Rússia aos EUA em 1867.

O Reino Unido estava se movendo rapidamente para manter o controle das suas preciosas colônias americanas, as quais era estrategicamente vitais não apenas para conduzir operações nas colônias perdidas em 1776 [independência dos EUA], mas também para manter um muro de divisão entre o histórico afeto entre as grandes culturas eurasianas e a república rebelde. O fato que o Ato da América do Norte Britânica foi escrito (apesar de não ter sido efetivado até 1º de julho de 1867) enquanto a Guerra Civil ainda estava em andamento nos EUA, chegando ao sul em Charlottetown em 1864, não deve passar desapercebido por ninguém. 

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No entanto, aquela foi uma corrida contra o tempo – já que 9 de cada dez habitantes da Colômbia Britânica que viviam naquela colônia isolada do Pacífico rejeitaram a união às recém confederadas colônias do leste, com quem eles não tinham conexão alguma e estavam separadas por 3.000 quilômetros das terras da Companhia Privada da Baia de Hudson. Estes colombianos-britânicos, vivendo em abjeta miséria após o colapso das bolhas da Corrida do Ouro em 1858, clamavam em alta voz pela sua anexação aos EUA e até apresentaram formalmente duas petições pela anexação à Rainha [da Inglaterra], uma vez em 1867 e outra vez em 1869. 

Por que falhou a planejada conexão ferroviária das Américas à Rússia via Estreito de Bering? Por que a Columbia Britânica acabou entrando na Confederação em 1871 e por que os aliados de Lincoln no Canadá perdem o poder antes da Guerra Civil [nos EUA] terminar? Enquanto a “Confederação Sulista” britânica fracassou, a sua “Confederação do Norte” teve sucesso? Como foi que a Rússia salvou os EUA durante a guerra [civil] e como estas lições nos ajudam a navegar as águas tumultuosas da nossa era atual?

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Todas estas perguntas e outras mais serão tratadas nesta palestra (em inglês) sobre a História Não-contada do Canadá:

Material Suplementar de Leitura:

1- The Imperial Myth of Canada’s National Policy 

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2- Two Confederacies Converge on Lincoln (Two Perversions of Manifest Destiny) 

3- William Gilpin and the Original World Landbridge Project 

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4- Tomorrow’s Arctic: Theatre of War or Cooperation? The Real Story Behind the Alaska Purchase 

5- The Russian Navy Visits the United States in 1863

6- Russia and America: The Forgotten History of a Brotherhood

*Matthew Ehret é o Editor-Chefe do Canadian Patriot Review e Membro Sênior da Universidade Estadunidense em Moscou. Ele é o autor da série de livros 'Untold History of Canada' (A História Não-contada do Canada) e da trilogia 'Clash of the Two Americas' (O Choque das Duas Américas). Ele foi cofundador da 'Rising Tide Foundation' em Montreal, Canadá, em 2019.

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