Taiwan realizou seus primeiros exercícios de defesa em um simulacro de ataque chinês
Exercícios fazem parte dos simulacros de guerra, que este ano incluíram a proteção dos aeroportos civis, em meio a crescente pressão militar e política sobre a ilha
Télam - Hoje, Taiwan conduziu suas primeiras manobras militares no Aeroporto Internacional de Taoyuan, simulando a defesa do aeródromo contra um suposto ataque da China, o que levou a uma breve interrupção do tráfego aéreo comercial.
Esses exercícios fazem parte dos simulacros de guerra chamados "Han Kuang" (Gloria Han), que este ano incluíram a proteção dos aeroportos civis, em meio a crescente pressão militar e política sobre a ilha por parte de Pequim.
É a primeira vez que esse tipo de exercício é realizado no Aeroporto Taoyuan, o maior de Taiwan, próximo à capital Taipé.
O especialista militar Alexander Huang indicou que Taiwan se inspirou na invasão russa à Ucrânia, que no ano passado impediu que paraquedistas russos tomassem o controle do Aeroporto Antonov, nos arredores de Kiev, conforme relatado pela agência de notícias AFP. "Tomar o controle do aeroporto de um adversário é fundamental para enviar um grande número de forças de assalto por via aérea durante uma operação de invasão", explicou Huang, da Universidade Tamkang de Taipé.
O tráfego aéreo foi interrompido por cerca de meia hora para permitir que dezenas de soldados combatessem "inimigos" que chegavam em helicópteros de ataque e pousavam na pista. A polícia aeroportuária e os bombeiros também participaram da operação, que, segundo o governo, visa combinar forças civis e militares para proteger infraestruturas críticas.
A China, que considera Taiwan como parte de seu território, intensificou a pressão nos últimos anos e realiza quase diariamente incursões com aviões de guerra perto da ilha. Além disso, posicionou navios ao redor das águas territoriais taiwanesas.
Embora Taiwan realize exercícios militares com frequência, nos últimos meses aumentou a participação de componentes civis nos mesmos. A presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, durante uma visita a uma refinaria de petróleo em Taoyuan, onde também foram realizados exercícios, declarou: "Necessitamos partir do conceito de uma 'sociedade completa de defesa', para integrar e utilizar os recursos do Exército, do Governo Central, dos governos locais e dos setores civis e coordenar todas as unidades para que trabalhem juntas."
As relações entre China e Taiwan são complexas desde a separação de facto da ilha há 74 anos. Na semana passada, Taiwan denunciou 16 incursões de navios de guerra chineses em 24 horas, uma cifra recorde recente, de acordo com o Ministério da Defesa, o que aumentou ainda mais as tensões entre as duas nações. Nos últimos anos, a China enviou caças e navios de guerra quase diariamente para a Zona de Identificação de Defesa Aérea estabelecida por Taiwan.
Em 2005, a China adotou a Lei Antissecessão, que prevê meios "não pacíficos" caso Taiwan declare sua independência, e em 2019 seu presidente, Xi Jinping, advertiu que não renunciaria ao uso da força para recuperar o território. Por outro lado, a presidente Tsai Ing-wen, reeleita em 2020, respondeu que Taiwan é um país independente, histórica e diplomaticamente apoiado pelos Estados Unidos nessa disputa.
