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Mundo

Tentativa de Biden de mediação entre Israel e Palestina foi "um fracasso", avalia imprensa francesa

Os principais jornais franceses analisam nesta quinta-feira (19) a tentativa de mediação do presidente americano, Joe Biden, no Oriente Médio, após visita a Israel

Presidente dos EUA, Joe Biden, faz discurso sobre a situação entre israelenses e palestinos - 10/10/2023 (Foto: REUTERS/Jonathan Ernst)
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RFI - O jornal Le Monde classifica a visita de Biden como "truncada", sem encontros com dirigentes árabes. A reunião prevista em Amã, na Jordânia, com o rei Abdallah II, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, e Al-Sissi foi cancelada antes mesmo da chegada do chefe de Estado americano. No entanto, o diário lembra que o líder democrata não poupou palavras de apoio a Israel, tradicional aliado dos Estados Unidos, e atribuiu ao "campo adversário" a responsabilidade do ataque contra o hospital Ahli Arab, na Faixa de Gaza, que deixou 471 mortos na terça-feira (17), segundo números divulgados pelo Hamas.

“Não tenho acesso, obviamente, às informações secretas de que dispõe o presidente americano, mas atribuir a responsabilidade do ataque para um para outro foi meio rápido. O que é certo é que os Estados árabes não vão aceitar essa explicação, que não lhes parece razoável, e podemos esperar que essa declaração tenha um impacto real na opinião pública dos países árabes”, apontou Philip Golub, cientista político e professor de Relações Internacionais da Universidade Americana de Paris, à RFI.

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Para o jornal Le Figaro, a visita de Biden ao Oriente Médio foi "um fracasso". Em editorial, o diário avalia que "a falha na mediação faz recuar a causa que ele queria defender". "Na guerra de imagens, hoje dominada pelas cenas ensanguentadas do hospital de Gaza, os Estados Unidos aparecem menos neutros do que nunca, preocupados apenas com o destino dos israelenses", afirma Le Figaro. O objetivo da visita era, inicialmente, obter decisões humanitárias e políticas em favor do povo palestino. Mas, segundo o editorialista do Figaro, a viagem serviu para atiçar ainda mais a revolta no mundo árabe contra o apoio inveterado dos Estados Unidos e os países europeus a Israel.

Diplomacia americana 'empacada' e objetivo da paz deixado de lado

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Mesmo tom do jornal La Croix, que fala de uma "diplomacia empacada" que deixa Israel e seus aliados "irreconciliáveis" com os países árabes. Ao se apressar a apoiar a tese da responsabilidade da Jihad Islâmica na tragédia no hospital de Gaza, Biden "rompeu a confiança" e atiçou ainda mais o sentimento de revolta, levando milhares de pessoas a protestarem no Egito, Líbano, Tunísia, Irã e Cisjordânia.

Philip Golub ressalta que, nos últimos 15 anos, os americanos deixaram de lado a questão palestina: a ultima vez que o país se envolveu no conflito foi no fim do governo de Barack Obama, quando tentou limitar o avanço das colonizações judaicas na Cisjordânia.

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“Não tem mais um verdadeiro processo de paz há mais de uma década. Os Estados Unidos, ao deixarem de lado esse assunto e acreditando que os envolvidos estariam gerenciando a questão regional, com acordos bilaterais entre países árabes e Israel, acreditaram que poderiam se livrar, de certa forma, desse tema que hoje explode e causa um drama terrível para as populações a para o mundo”, afirma o cientista político.

La Croix entrevistou Leila Shahid, ex-embaixadora palestina na União Europeia, para quem não há uma saída política para essa revolta. "Precisamos de vozes fortes para obrigar Israel a aplicar o direito internacional, para garantir que o lado palestino possa contar com regras básicas ao se sentar na mesa de discussões", diz. "Tenho medo que estejamos indo em direção de uma nova Intifada", afirma a ex-negociadora de paz ao diário.

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Poder de pressão dos EUA

À RFI, Golub lembra que dois poderosos grupos navais americanos, com “um imenso poder de fogo e de dissuasão”, foram enviados à região. Mas o professor não vê, agora, Washington tentando impor limites à operação terrestre que Israel prepara à Faixa de Gaza – ao contrário do que já fez no passado, como em 1973, quando declarou que se Tel Aviv avançasse sobre um batalhão egípcio, a ajuda americana a Israel seria imediatamente cortada.

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“Há ações muito fortes dos EUA para inibir ações de Israel num contexto de guerra. Mas não tenho certeza de que, hoje, os Estados Unidos estejam em condições de impor o ponto de vista deles, inclusive porque o direcionamento político de Israel hoje é caracterizado por uma adesão muito forte ideológica aos objetivos de colonização e de vingança contra o que aconteceu há 10 dias”, salienta o cientista político.

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