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Tony Blair, o milionário

Assim como Lula, ele tambm embolsa fortunas com suas palestras, mas a Inglaterra comea a reagir

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Ulisses Neto, correspondente em Londres – Tony Blair deixou o governo há quatro anos, mas seu nome ainda causa grandes discussões no Parlamento do Reino Unido. O debate do momento na Câmara dos Comuns trata dos ganhos alcançados pelo ex-primeiro-ministro com palestras e consultorias para multinacionais ao redor do mundo. Blair está faturando alto e os parlamentares conservadores e liberais-democratas se dizem envergonhados com a situação em plena crise financeira.

O ex-premiê é hoje um dos palestrantes mais bem pagos do planeta e tem sua agenda praticamente lotada de eventos com empresários e executivos. Desde que largou o poder em 2007, o trabalhista passou a investir na nova carreira, que também tem se mostrado bastante rentável para outros líderes mundiais como Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU e, mais recentemente, para Luis Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil.

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O cachê do britânico está estimado em cerca de 200 mil dólares por evento. Há alguns dias, Tony Blair confirmou mais um tour por Austrália e Nova Zelândia que vai lhe render a bagatela de um milhão de dólares por seis palestras. O ciclo de debates, que será realizado nas cidades de Sydney, Brisbane, Melbourne, Perth e Auckland, está sendo anunciado como uma oportunidade para ouvir “o político que define os nossos tempos” e que vai transmitir “uma visão única sobre liderança, negociação e inovação”. O ingresso mais barato custa 1.354 dólares, com direito a coquetel e jantar. Já o convite vip vale 2.031 dólares e garante uma foto ao lado do ex-primeiro-ministro.

Foi demais para os parlamentares britânicos, que nas últimas semanas estão sendo pressionados pelos cortes de gastos para tentar equilibrar o déficit nas contas públicas do país, um dos maiores da Europa e que atingiu o auge justamente durante a era Blair. “Esse homem não tem a menor vergonha e está faturando muito com o cargo de primeiro-ministro que ele ocupou”, disse o parlamentar liberal-democrata Normam Baker.

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O que causa ainda mais constrangimento aos britânicos são as companhias que patrocinam os discursos de Tony Blair. Na Austrália, por exemplo, os eventos com o ex-premiê estão sendo bancados por uma fábrica de embalagens condenada por formação de cartel e controle ilegal de preços. Há pouco mais de um ano, o trabalhista recebeu cerca de 160 mil dólares para fazer um discurso de 20 minutos no Azerbaijão. Um dos anfitriões da ocasião foi o presidente do país caucasiano, Ilham Aliyev, acusado de sérias violações dos direitos humanos.

“Blair passeia ao redor do mundo com uma placa de ‘vende-se’ pendurada no pescoço e não se importa para quem ele vai trabalhar. Esse homem é uma vergonha nacional”, completou Baker.

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Estima-se que até o momento o ex-primeiro-ministro tenha faturado mais de 60 milhões de dólares com palestras e consultorias, que incluem passagens por São Paulo. Ganho extraordinário se comparado ao salário de 200 mil dólares por ano que recebia na época em que ocupou o número 10 de Downing Street.

“Considerando que há muita coisa acontecendo no Oriente Médio, eu imaginava que o Sr. Blair – sendo um enviado europeu para a região – teria muito o que fazer no momento. Talvez ele devesse focar a sua atenção lá, ao invés de ficar se divertindo ao redor do mundo a mando dos pouco louváveis interesses corporativos”, afirmou o parlamentar conservador Douglas Carswell.

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Tony Blair, evidentemente, não comenta as acusações dos parlamentares. E tampouco confirma seus rendimentos relacionados ao mundo corporativo. Prática adotada por todos os “políticos-palestrantes”. Luís Inácio Lula da Silva, por exemplo, é um novato na profissão, mas já segue passos parecidos aos de Blair faturando por palestra quantia semelhante ao que ganhava por ano nos tempos de Planalto. Na semana passada, o antecessor de Dilma Roussef esteve na Europa a convite do Grupo Telefonica, um dos gigantes mundiais das telecomunicações, que tem no Brasil o seu principal mercado em ascensão.

Em Londres, Lula discursou para investidores e acionistas e desfilou de braços dados com Cesar Alierta, presidente da companhia. O valor do passeio, que incluiu transporte em jato privado da Telefonica, também não foi revelado. “Ninguém sai por aí perguntando quanto o Fernando Henrique cobra por palestra, ou sai? Por que vocês querem tanto saber o cachê do Lula?”, retrucou um assessor próximo do petista durante a viagem à capital britânica.

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Tony Blair, além de palestrante, é consultor de grandes corporações, como o banco americano JP Morgan. Na prática, a consultoria não passa de lobby a favor dos interesses de seus contratantes, dizem os adversários políticos. Lula ainda não assinou contrato com nenhuma multinacional. Por ora, ele apenas desfruta dos regalos oferecidos pelo mundo corporativo enquanto se reúne com líderes de governo e intelectuais.

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