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"Tudo isso acontece porque a ONU não está cumprindo seu papel", diz Lula sobre guerra entre Rússia e Ucrânia e genocídio em Gaza

"Me parece que tem gente que não quer paz. E eu posso dizer que não é por parte do povo. O povo quer. Quem não quer é porque tem outros interesses", afirmou o presidente

Lula na abertura da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
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247 - Em entrevista coletiva ao lado do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, nesta segunda-feira (4), o presidente Lula (PT) mencionou a guerra entre Rússia e Ucrânia e o genocídio promovido por Israel na Faixa de Gaza, reduto palestino. Ele voltou a destacar a necessidade urgente de reformar a Organização das Nações Unidas (ONU) e seu Conselho de Segurança. "Os conflitos que estamos vendo na Rússia e na Ucrânia, entre Israel e Faixa de Gaza, não é nada mais nada menos que a irracionalidade do ser humano. Quero dizer para vocês que tudo isso acontece porque a ONU não está cumprindo com o papel histórico para qual ela foi criada. A ONU tem um Conselho de Segurança, do qual fazem parte cinco países: Estados Unidos, Rússia, China, Índia, França e Reino Unido. E esses países deveriam zelar para manter a paz no mundo. Entretanto, são esses países que mais produzem armas, os que mais vendem armas e fazem guerras sem passar pela decisão do Conselho de Segurança. E quando alguma decisão importante passa e que não os interessa, eles têm o direito de veto. Por isso, vamos discutir no G20 a necessidade de rediscutir a governança global, para que a gente possa tomar decisão, sobretudo na questão ambiental, e a gente ter certeza de que as decisões serão colocadas em prática".

"Tenho uma posição a respeito, que é a posição do meu país: primeiro, a gente respeita a decisão da Carta da ONU que define que nenhum país tem o direito de invadir a integridade territorial do outro país. Pronto. Isso não me obriga a ter um lado. Isso me obriga a tentar continuar brigando pela paz, e é o que eu estou fazendo, tendo cada vez mais, com cada presidente que eu converso, eu continuo acreditando que a gente só tem um lado para ficar, que é o lado de convencer a nossa querida Assembleia das Nações Unidas a ajudar a decidir as soluções das controvérsias que existem no mundo. Foi para isso que a ONU foi criada. Se cada vez que tiver uma guerra a discussão for ‘eu estou com quem eu estou com quem’, não vai ter paz. Eu estou do lado daqueles que querem construir a paz. Já conversei com muita gente, vou continuar conversando com muita gente, porque haverá um momento em que vai ter que se pensar na paz", complementou. >>> "Sou brasileiro e não desisto nunca", diz Lula sobre expectativa pelo acordo entre União Europeia e Mercosul

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Especificamente sobre o genocídio na Faixa de Gaza, o presidente lamentou que nem isto seja capaz de mobilizar a ONU. "Acompanho as divergências entre palestinos e judeus há muitas décadas. Esta é a única vantagem que eu tenho de ser mais velho. São muitos anos de militância, vendo conflitos, divergências, ataques, desaforos, agressões. Eu sou presidente de um país que tem uma grande comunidade judaica e tem uma grande comunidade árabe. Temos praticamente 20 milhões de árabes, descendentes de libaneses, sírios… E a gente vive em paz. É esse modelo de paz que eu gostaria que tivesse em Israel. O dado concreto é que houve efetivamente por parte do Hamas um ato terrorista, além de terrorista, irresponsável, porque quem está pagando o preço é o povo palestino inocente, mulheres, crianças. São 15 mil mortos, dos quase 7 mil crianças, e 80% mulheres e crianças, além de 7 mil desaparecidos. Aí esqueça a minha condição de presidente do Brasil. A minha condição de humanista é de que não há por que haver essa guerra. A desgraça foi feita no primeiro atentado, a ONU deveria intervir para que se encontrasse uma solução. O Brasil era presidente do Conselho de Segurança, apresentou uma proposta para que houvesse uma trégua humanitária, para que parassem o bombardeiro, para que se retirassem crianças da zona de perigo. Inclusive para buscarmos os brasileiros que estavam lá. Então essa nossa decisão na ONU foi aprovada por 12 países que faziam parte do Conselho de Segurança. Tiveram duas abstenções, Reino Unido e Rússia. E teve um voto contra e o veto, que foi dos Estados Unidos. Quem sabe se tivesse tido a posição do Brasil a gente teria tido a trégua bem antes, teria morrido bem menos gente. E a gente só pode encontrar paz e discutir paz se a gente sentar em uma mesa de negociação. Esse é o papel das Nações Unidas, que não está fazendo. Então obviamente que eu respeito a posição de cada país. Tenho certeza de que a única solução para o conflito entre Israel e palestinos é a consolidação de dois países para viverem em seu território pacificamente, harmonicamente. E é preciso ter vontade".

Lula ainda citou "gente que não quer a paz" por ter "outros interesses". "Já conversei com muitos presidentes de Israel sobre isso, já conversei com muita gente da Palestina sobre isso. Mas me parece que tem gente que não quer paz, me parece que tem gente que não quer dois países. E eu posso dizer para vocês que não é por parte do povo. O povo quer. Quem não quer é porque tem outros interesses. Lamento profundamente. Lamento. Nunca vi uma guerra em que a preferência da morte são crianças, mulheres, inclusive mulheres antecipando o parto para não ver seus filhos morrerem. Se isso não toca a direção da ONU, se isso não toca as pessoas que têm a responsabilidade de construir a paz, eu sinceramente não sei o que toca a sensibilidade do ser humano".

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