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Um sofisticado esquema de compra de votos no México

Candidato do PRI, Peña Nieto, teria contado com ajuda decisiva do banco Monex, ligado ao tráfico de drogas, que deu cartões pré-carregados a eleitores; leia reportagem do Opera Mundi

Um sofisticado esquema de compra de votos no México (Foto: Claudia Daut/Reuters)
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Do Opera Mundi – As suspeitas de fraude nas eleições mexicanas, conquistadas pelo candidato do PRI (Partido Revolucionário Institucional) Enrique Peña Nieto, ganharam força com novas denúncias. De acordo com reportagens de duas revistas mexicanas, boa parte dos valores utilizados pela campanha do novo presidente veio do banco local Monex, acusado de lavar dinheiro do tráfico de drogas.

A instituição financeira teria abastecido os cartões pré-pagos da rede de supermercados Soriana. Uma das imagens mais impactantes das eleições foram centenas de mexicanos esvaziando as prateleiras desses supermercados, ansiosos para usar o dinheiro eletrônico de seus cartões dados por militantes do PRI em troca do voto em Peña Nieto.

No começo, pareciam casos isolados, porém, a compra massiva de votos foi ficando cada dia mais evidente, conforme relatos dos donos dos cartões. Com isso, o PAN (Partido de Ação Nacional), formação de direita do presidente Felipe Calderón, e o Movimento Progressista, liderado por Andrés Manuel López Obrador, foram juntando provas para pedir que o Tribunal Federal Eleitoral invalidasse a eleição.

Agora, as novas acusações, relacionados ao Monex, são ainda mais graves. Segundo uma investigação das revistas Proceso e Emeequis, o Monex, além de outros grupos financeiros, lavou milhões de dólares de traficantes mexicanos e colombianos ao longo da última década. Seria a prova, no caso da eleição de Peña Nieto, de uma enorme operação financeira que pretendia levantar milhões de dólares para comprar a Presidência da República.

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As revistas pesquisaram as conclusões da Operação Tacos, realizada em 2004 pela polícia espanhola, que desmantelou uma organização de lavagem de dinheiro de traficantes colombianos e do cartel mexicanos Beltrán Leyva. Em conjunto com investigações da norte-americana DEA (Drug Enforcement Administration) e da Procuradoria Geral da República do México, foi descoberto que o Monex lavou, só em 2004, mais de 100 milhões de dólares do tráfico.

A aliança entre a instituição e o crime organizado é de longa data. A polícia da Espanha mostrou que, em 2006, o Cartel del Valle, do Norte da Colômbia, usou as empresas Monex Casa de Bolsa, Monex Divisa e Intercam Casa de Cambio para lavar 78 milhões de euros. Em 2008, foi a vez dos Beltrán Leyva, ex-aliados de Joaquín “el Chapo” Guzmán, agora grupo autônomo.

Denúncia nos EUA

A investigação se soma às acusações feitas em 14 de junho, antes da eleição, pelo empresário norte-americano de origem mexicana, José Luís Ponce de Aquino, proprietário da empresa televisiva Frontera Televisión Network LLP.

Em sua denúncia, Ponce de Aquino afirmou que, em outubro de 2011, alguns colaboradores de Peña Nieto lhe ofereceram um contrato de 56 milhões de dólares para promover nos Estados Unidos o candidato do PRI. Essa quantidade de dinheiro foi, disse o empresário, depositada nos bancos Monex e Mifel em apenas um dia. No entanto, apesar das transferências, os homens de Peña Nieto descumpriram o pagamento, demonstrando como, na verdade, só “fizeram circular” a grande quantidade de dinheiro.

O PAN e o Movimento Progressista sustentam que Peña Nieto e o PRI, além de terem excedido o limite de dinheiro imposto pelo Instituto Federal Eleitoral (IFE) para a campanha eleitoral e distribuído dinheiro em troca de votos, mas que essa operação também foi financiada com dinheiro do narcotráfico, “lavado” por grupos como o Monex.

Jaime Cárdenas, advogado, deputado do Partido do Trabalho e representante de Andrés Manuel López Obrador no IFE, declarou que “o objetivo de toda essa triangulação internacional é justamente ocultar a origem do dinheiro. “O PRI sabia que o dinheiro dado pelo IFE não bastaria, e buscou financiar Peña Nieto com dinheiro de outras partes. Isso é tipificado como lavagem de dinheiro. O PRI se valeu de recursos que não se sabe de onde vêm, se é dos governadores, de empresários ou, inclusive, do crime organizado”, afirmou.

O PRI nega veementemente as acusações do PAN e do Movimento Progressista, embora o responsável pela defesa, o advogado Jesús Murillo, admita que tenham usado cartões pré-pagos do Monex, mas que “não existe relação alguma com a instituição financeira Monex”. Segundo o representante priista, os cartões serviam unicamente de apoio aos trabalhos daqueles que trabalharam na eleição. “As pessoas que trabalharam na campanha tinham que comer, que se locomover. O melhor era dar a elas um cartão”, afirmou Murillo.

Movimentação

Um dado interessante é que, de qualquer forma, o grupo Monex obteve, no fechamento do segundo trimestre de 2012, um lucro recorde, como confirma a Bolsa Mexicana de Valores.  Ao final do primeiro semestre deste ano, as aplicações totais da Holding Monex alcançaram 521 milhões de pesos, mais de 80 milhões de reais, um montante 42,73% superior aos 365 milhões obtidos no primeiro semestre de 2011.

À espera pelas decisões de legitimidade da eleição por parte do Tribunal Federal Eleitoral, o PAN e o Movimento Progressista seguem acumulando provas. Continuam também as manifestações contra Peña Nieto, sempre mais evidentes e impulsionadas pelo movimento #YoSoy132 e outros movimentos cidadãos.

Algumas unidades do Soriana foram assaltados por pequenos grupos como represália, sem danos maiores, provocando a reação indignada dos dirigentes da cadeia de supermercados e, estranhamente, de alguns dirigentes do PRI, que apontaram como responsáveis “as campanhas de terrorismo” de López Obrador e do PAN, que se desvincularam totalmente das ações violentas.

Nos Estados Unidos, grupos de imigrantes contra a fraude eleitoral começaram a organizar boitoces às lojas Soriana, onde é feita boa parte das remessas ao México.

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