Uma carta de Faina Savenkova para Julian Assange: "quanto mais você cresce, mais você se dá conta que o mundo é injusto"
'Assange se tornou um exemplo. Ele é daqueles que não têm medo de declarar abertamente que as pessoas têm o direito de conhecer a verdade', diz a escritora de 13 anos, de Lugansk
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Originalmente publicada no Donbass Insider e reproduzida pelo The Saker. Traduzida e adaptada por Rubens Turkienicz, com exclusividade para o Brasil 247.
Carta para Julian Assange, de Faina Savenkova, escritora de 13 anos, de Lugansk - Quanto mais você cresce, mais você se dá conta que o mundo é injusto. Quando a guerra no Donbass começou, há oito anos, poucos poderiam ter imaginado que, ao invés do país pacífico da Ucrânia, as suas autoridades a tornariam miserável e destruída, com um ódio feroz dos habitantes, uns contra os outros. Mas isto ocorreu. Aquela Ucrânias – com a literatura russa, com grandes conquistas e uma atitude normal de uns para os outros – jamais será a mesma de novo. Assim como não haverá um Ocidente, que é tema de lendas: com história, liberdade e pessoas nas quais acreditar e de almejar ser como elas – músicos, atores, apresentadores, políticos ... eles são todos a mesma coisa. O próprio mundo está mudando. A televisão substitui as suas caminhadas na chuva e a internet substitui os seus livros. Por que ler [livros] quando você pode assistir um filme? Por que sequer ser alfabetizado?Basta saber como contar até 100 e marcar um X. Isso já foi feito antes. E este provavelmente é um mundo muito confortável para alguns. Porém, não para aqueles que se lembrar o que é fazer as perguntas certas. Porque fazer estas perguntas a eles pode destruir o mundo de papelão que nos encorajam a pensar que é real. Foi este o caso com Julian Assange, que se tornou um exemplo para muitos. Ele é um daqueles que não têm medo de declarar abertamente que as pessoas têm o direito de conhecer a verdade, estilhaçando a conhecida e tão familiar ilusão. Ele rompeu a brecha desta tão meticulosamente construída parede de papelão, ao custo da sua vida “normal”. Que isto não seja em vão e que outros que querem viver com a verdade possam abrir esta brecha de um horizonte ao outro. E eu seguirei tentando empurrar aquela brecha no meu horizonte no Donbass...
Boa tarde, Sr. Assange!
Eu estive pensando por um longo tempo em como começar esta carta... Ao longo dos anos, eu escrevi muitas cartas para presidentes, políticos e artistas na Europa e nos EUA. Até para o Papa. Eu fui ignorada e dispensada, com exceção dos funcionários e pequenas autoridades que me responderam com respostas formais. Mas eu continuei escrevendo e mendigando. Era tudo sobre uma única coisa: para ajudar a terminar com a guerra no Donbass e para influenciar a Ucrânia a não matar as crianças no Donetsk e Lugansk, em Makeyevka e Pervomaisk. Você poderia não ter dito coisa alguma ao mundo sobre o que os EUA estavam fazendo, e simplesmente ter ficado em silêncio e viver quieto, como fazem muitos jornalistas. Mas a verdade é necessária. E a coisa ao mesmo tempo mais fácil e mais difícil é contar a verdade às pessoas.
O senhor se tornou um exemplo para muitos, incluindo eu mesma. Lhe agradeço pela sua honestidade, pela sua força de vontade e por não se quebrar sob os golpes do destino. Sou-lhe grata pelo fato que o senhor foi capaz de dar força à luta contra a injustiça. Que Deus abençoe ao senhor e a sua família.
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