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Geely compra 26% da Renault no Brasil e vai produzir carros no Paraná

Montadora chinesa adquire parte da Renault do Brasil e usará fábrica em São José dos Pinhais para fabricar veículos de baixa emissão

Veículo elétrico da Geely (Foto: REUTERS/Tingshu Wang)

247 - A chinesa Geely comprou 26,4% da Renault do Brasil, em um acordo que amplia a parceria entre as duas montadoras e permitirá à empresa chinesa produzir veículos no país. A operação, que reforça a presença asiática na indústria automotiva nacional, marca uma nova fase na estratégia de expansão da Geely na América do Sul.

De acordo com reportagem publicada pelo jornal O Globo, o acordo concede à Geely — dona das marcas Volvo e Lotus — acesso à fábrica e ao centro de engenharia da Renault em São José dos Pinhais (PR), além dos cerca de 250 pontos de venda da montadora francesa. Em contrapartida, a Renault passará a utilizar as plataformas de múltiplas energias da parceira chinesa, acelerando o desenvolvimento de sua linha de veículos híbridos e elétricos. Os valores da transação não foram divulgados.

Parceria estratégica e foco em tecnologia limpa

Em comunicado conjunto, as empresas destacaram que “a transação é parte da continuidade da cooperação estratégica entre o Renault Group e a Geely” e que tem como meta “reforçar o desenvolvimento das marcas Renault e Geely no Brasil e permitir a introdução de novos veículos com baixas emissões de carbono”. A produção compartilhada deve aumentar a competitividade da planta de Curitiba e impulsionar a produção local de veículos eletrificados, segundo o documento.

As companhias já mantêm uma parceria na Horse Powertrain, criada em 2024, responsável pela fabricação de motores híbridos e a combustão. A relação entre as duas montadoras vem se estreitando nos últimos anos: em 2022, a Geely adquiriu 34% da filial coreana da Renault, a Renault Korea, e segue expandindo sua presença global desde a compra da Volvo Cars, em 2010.

Mercado brasileiro em transformação

O diretor de crescimento global da Renault, Fabrice Cambolive, ressaltou que a movimentação reflete a nova dinâmica do setor automotivo no Brasil.

“O mercado brasileiro está mudando muito, os fabricantes chineses estão crescendo rapidamente. A participação dos veículos elétricos ainda é baixa, mas há uma demanda crescente por híbridos leves e híbridos”, disse.

Cambolive adiantou que a Renault do Brasil passará a operar com novo nome, com um conselho composto por representantes das duas montadoras. O comando continuará nas mãos da Renault, que seguirá como acionista controladora.

Expansão e novos modelos

Segundo o executivo, a parceria deve dobrar a participação de mercado da Renault no Brasil em até cinco anos, elevando-a dos atuais 5% para cerca de 10%, impulsionada pela capacidade industrial e tecnológica da Geely. O plano prevê a produção de até 400 mil veículos por ano — mais que o dobro das 180 mil unidades fabricadas em 2024.Entre os modelos que poderão ser produzidos na nova fase está o Kardian, um crossover compacto que simboliza a aposta do grupo francês em veículos de nova geração.

“Vamos compartilhar nosso know-how; a Geely nos dará acesso às suas plataformas. O objetivo agora é acelerar a segunda etapa do nosso plano internacional”, afirmou Cambolive, citando parcerias anteriores da Renault com a Nissan.

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